Por estes dias, em Peniche, a energia nasce do movimento das ondas no fundo do mar. Uma iniciativa de vanguarda, que põe o concelho nas bocas do mundo. O protótipo Wave Roller pode debitar até 300 kw, que são injetados na rede elétrica através de uma subestação em terra, na zona do Moinho Velho.
Se funcionar em pleno durante 10 horas, o sistema gera eletricidade suficiente para uma família portuguesa durante um ano.
A operação de fundeamento da plataforma – estacionada a meio quilómetro da praia da Almagreira, a 16 metros de profundidade – decorreu a meio de agosto, com o auxílio de mergulhadores da empresa local Divexpro.
O presidente da Câmara de Peniche, António José Correia, não esconde a satisfação. Há 36 anos, abraçou a contestação à ideia de uma central nuclear na freguesia de Ferrel; agora vê o município liderar a corrida à energia das ondas em Portugal.
O Wave Roller permite a Peniche reforçar a imagem “de sustentabilidade ambiental” e de “capital da onda”, num binómio que passa pelo surf e “não tem igual em termos nacionais”, considera o autarca.
Liderado pelos finlandeses da AW Energy, que desenvolveram a tecnologia, o projeto SURGE reúne 10 entidades, incluindo a alemã Bosch.
Da região, estão presentes a Eneólica e os Estaleiros Navais de Peniche, que garantiram os módulos da estrutura, as asas em materiais compósitos e a montagem final e de sistemas.
//= generate_google_analytics_campaign_link("leitores_frequentes_24m") ?>Uma faturação de 1,2 milhões de euros, mas, sobretudo, uma encomenda “importante a nível de investigação e inovação” que pode “abrir novas perspetivas de mercado fora da construção naval pura e dura”, existindo já contactos nesse sentido, salienta Álvaro Oliveira, diretor geral dos Estaleiros.
Com três asas que podem libertar cada uma até 100 kw de potência, graças a 42 metros de comprimento e 16 de largura, o Wave Roller é composto por 420 toneladas de aço e fibra de vidro. Nesta primeira fase de ensaios, que pode prolongar-se durante dois anos, o objetivo é perceber a capacidade de produção e a resistência às condições de funcionamento no fundo do mar, explica Leocádio Costa, da AW Energy.
Iniciado em 2007, o projeto conta com três milhões de euros em fundos da União Europeia, num investimento superior a cinco milhões.
(Notícia publicada na edição de 17 de agosto de 2012)
Cláudio Garcia
claudio.garcia@regiaodeleiria.pt
Carlos Silva disse:
"Se funcionar em pleno durante 10 horas, o sistema gera eletricidade suficiente para uma família portuguesa durante um ano." Ou o texto jornalistico está errado ou cada familia portuguesa precisa de investir 5 milhões de euros para produzir energia pelas ondas… lol