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Sociedade

Emigração retira alunos das escolas da região

As mudanças que a crise está a provocar na sociedade portuguesa já chegaram às escolas. A emigração faz com que haja menos alunos nos estabelecimentos da região.

As mudanças que a crise está a provocar na sociedade portuguesa já chegaram às escolas.

Por um lado, há uma fuga do ensino particular para a rede pública por parte de quem não tem condições económicas para suportar a mensalidade de um estabelecimento privado. Por outro, há crianças e adolescentes que trocam de colegas e professores para acompanharem os pais numa nova vida noutra região ou país.

A estes so­mam-se, ainda alguns casos de imigrantes que retornam, com os filhos, aos seus países de origem.

Nas escolas da freguesia da Maceira, no concelho de Leiria, uma das causas do decréscimo de alunos é mesmo o aumento da emigração, sobretudo com destino a França, Luxemburgo e Suíça.

“Tem-se notado principalmente nos mais jovens, famílias com crianças do 1º ciclo e do pré-escolar”, descreve o diretor do Agrupamento, Jorge Bajouco. Mas, ao mesmo tempo que o apelo do estrangeiro atrai um número crescente de portugueses, são também mais frequentes as transferências para outras regiões dentro de fronteiras, no distrito ou mais longe. Ir para onde se encontra trabalho.

“É um cenário que vai aparecendo com mais incidência de há dois ou três anos para cá. Penso que é muito motivado por questões laborais”, refere o professor.

Com o avanço do desemprego, o peso da carga fiscal e a perda de rendimentos, alguns pais estão a retirar os filhos do ensino privado. Ou nem sequer colocam a possibilidade de escolher a oferta particular quando chega o primeiro dia de aulas.

No Colégio Conciliar de Maria Imaculada na Cruz da Areia, Leiria, o pré-escolar (pago) é o único escalão de ensino que não tem lista de espera e sofreu uma ligeira quebra de menos quatro matrículas, explica a Irmã Cidália Araújo, diretora administrativa. Mas no 1º ciclo, também pago, até há mais uma turma.

A outra face desta realidade é a maior procura pelo sector público. No Agrupamento de Escolas de Marrazes, aumentou a lista de espera no pré-escolar, onde por falta de espaço não podem ser aceites mais alunos. E no 1º ciclo foram criadas mais duas turmas, indica fonte da direção.

Para reagir a esta nova situação, os estabelecimentos privados têm procurado enriquecer os serviços prestados e desenvolver novas modalidades de horários e mensalidades, mais adequadas ao ciclo económico.

No colégio Cantinho dos Pequenos, localizado na Gândara dos Olivais, foi lançada no ano passado a possibilidade de recorrer ao Cantinho Solidário, um mecanismo que reduz para metade a mensalidade nos casos em que um dos progenitores, ou ambos, se encontram desempregados.

A medida, que baixa para 150 euros os custos mensais de frequência do colégio, foi “muito bem recebida”, segundo a diretora pedagógica, Filomena Pinto, que fala da necessidade de “ajudar quem precisa numa altura difícil”.

Recorreram ao Cantinho Solidário famílias que já estavam na escola e também outras que realizaram a sua primeira inscrição no estabelecimento.

Nos últimos anos, o número total de alunos na rede educativa do concelho de Leiria diminuiu, um movimento que continua a ser influenciado sobretudo pelas oscilações demográficas relacionadas com a natalidade.

Em 2009, estavam matriculados no ensino público não superior cerca de 17.600 estudantes, número que desceu para 17 mil no ano letivo que terminou em julho passado, de acordo com dados disponibilizados pela Câmara de Leiria e pelo Pordata.

Este portal estatístico revela ainda que a rede particular não superior no concelho perdeu quase 700 alunos em 2010, ano em que somava 7.300 matrículas.

(Notícia publicada na edição de 7 de setembro de 2012)

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