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Hugeek: Viaja mas volta

Com a globalização do mercado de trabalho procuram-se oportunidades e aventura noutros países. Ou então procura-se a oportunidade de ser alguém diferente.

Hugo Menino Aguiar, presidente da Associação Fazer Avançar hma@fazeravancar.org

Recebi catorze emails de resposta desde que escrevi a primeira crónica. Três deles pediram para falar sobre CV e dicas para quem quer entrar no mercado de trabalho e outros três para falar da experiência de estar a viver fora ou de viajar. Também houve um a dizer que pareço ter 15 anos na foto e outro com uma montagem minha ao lado do Serafim Saudade. Mas, hoje, falo mesmo sobre a experiência de estar fora.

Vamos ao princípio. Com a globalização do mercado de trabalho procuram-se oportunidades e aventura noutros países. Ou então procura-se a oportunidade de ser alguém diferente. Procura-se trabalho. Procura-se fugir à sensação de claustrofobia. Pensa-se em sair por mil razões diferentes.

Viver num país diferente é uma aventura. Podes ser quem quiseres. Deixas tudo aquilo que te caracteriza noutro lado e portanto toda gente que te conhece não tem ideias concebidas sobre ti. É quase como conhecer amigos na infância. Também tens a sensação de liberdade e curiosidade. Mas tem um preço: não podes estar em dois lados ao mesmo tempo. Se agora pensas no que estás a perder no resto do mundo, quando estiveres no resto do mundo vais pensar no que estás a perder aí. Não há como fugir a isso.

E estas experiências mudam-te. Já pensaste o quanto de ti é definido pelo sítio onde vives e pelas pessoas que te rodeiam? Enquanto estiveres fora a vida não vai parar, casamentos, aniversários, festas. Tu vais falhar umas quantas coisas. E as pessoas vão mudar. E tu também. Não há nada errado nisso. Provavelmente essa foi parte da razão pela qual partiste nessa aventura. Querias mudar, forçar a entrada numa etapa diferente da tua vida.

As pessoas são diferentes, vivem e sentem de forma diferente. Num jantar, um amigo dizia-me no outro dia, “sou nómada, a minha casa é onde eu encosto a minha malinha de 10kg”. Se uns vivem a sensação de nostalgia, outros podem não conseguir falar de nada para além de excitação. O melhor é saíres e ver como é. Se não voltares não te censuro. Mas volta. Existe um grupo de pessoas que quer vencer as dificuldades deste Estado ridículo, transformar isto num local onde se possa trabalhar, ter sucesso e ser feliz. Tu fazes parte deste grupo.

(texto publicado a 18 de abril de 2013)