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Desporto

Futebol e futsal: dois amores e não sabem de qual gostam mais

Por convite ou por desafio, trocam o futsal pelo futebol, ou o inverso. Têm diferenças acentuadas, mas os atletas garantem a mesma entrega e deixam sempre a porta aberta

São pouco frequentes mas acontecem e, esta época, os campeonatos distritais de futebol em Leiria têm, pelo menos, quatro casos de jogadores que trocaram a rapidez e agilidade do futsal pela visão e planeamento do futebol.

Nova imagemCláudio Calixto tem 26 anos e decidiu-se por uma “aposta arriscada”. Jogador universal na ADR Mata, que representou na última época na II divisão nacional, decidiu não acompanhar a equipa na sua auto despromoção aos campeonatos distritais e enveredou pelos relvados.

Moita do Boi, a disputar pela primeira vez a honra distrital, em futebol, foi o destino. A equipa ocupa a sexta posição à oitava jornada e até agora Calixto, no papel de médio centro, tem sido sempre titular e só por duas vezes foi substituído.

“Decidi experimentar. A equipa já me tinha convidado e, este ano, aceitei. As coisas têm corrido bem, o treinador e os colegas ajudam. Vamos ver como vai ser o futuro”, diz o jogador que nunca tinha jogado futebol.

No currículo teve experiência na União de Leiria, em futebol 7, até aos 14 anos. Depois Nuno Dias, o atual treinador de futsal do Sporting, desencaminhou-o para a formação de futsal do Instituto D. João V, onde permaneceu até 2010. Regressou a União de Leiria, desta vez para o futsal, e com o fim da equipa, integrou o plantel da ADR Mata. “Talvez possa regressar ao futsal para o ano, ainda não sei, mas por agora, estou satisfeito”, conta.

Cassio, ao contrário, veio do Brasil para Portugal com um contrato de futebol nas mãos. A vida tro­cou-lhe as voltas e encontrou no futsal o caminho para o sucesso. O pivô é atualmente peça chave na Burinhosa.

O futsal? Lá para os 40
Só com uma vitória no campeonato, Fernando Morais “Nando” não está arrependido de ter trocado o pavilhão de Castanheira de Pera pelo relvado municipal de Figueiró dos Vinhos. Aliás, a temporada 2012/2013 foi a única no seu percurso desportivo em que praticou futsal. “Não sei bem explicar, resolvi experimentar”, confessa o médio centro que já vestiu as cores do Sp. Pombal e Pousaflores.

Com “prémios”, quando existiam, equivalentes aos impostos que “atacam” as carteiras dos portugueses e porque o bom filho à casa torna, regressou ao clube da terra esta época. “Para já não pretendo voltar ao futsal. Quem sabe um dia, lá para os 40… Até porque futebol 11 não conseguimos jogar até tão tarde”, admite. Na mudança de emblemas, “Nando” foi acompanhado por Fred, defesa de 22 anos, que fez exatamente o mesmo percurso. Também esta época Ricardo Santos deixou o futsal de Olho Marinho para ingressar na “nova” AE Óbidos em futebol.

Questão de adaptação
E apesar dos jogadores se movimentarem nos dois campos com alguma facilidade, as diferenças existem. “O futsal é mais técnico, mais intenso, enquanto o futebol é mais competitivo”, entende “Nando”. Já Calixto sente que a diferença está no esforço físico despendido “O futsal exige mais ‘caixa’. O atleta joga três, quatro minutos e sai para recuperar, enquanto no futebol, joga os 90 minutos, há mais espaço e tempo para pensar, mas acaba o jogo mais esgotado”, explica.

Paulo Ribeiro, diretor técnico da Associação de Futebol de Leiria, realça que as trocas não são frequentes, mas, admite, “acontecem”. E se no futebol não fazem grande diferença, no futsal obriga a uma aplicação muito maior.

Menos frequente é a troca nos treinadores. E, nos casos em que ocorre é, sobretudo, no sentido inverso ao dos jogadores com quem falamos. Rui Gama (ex-treinador da ADR Mata), Artur Morais (Olho Marinho) e Alexandre Pinto (adjunto da Burinhosa) começaram no futebol, mas é no futsal que têm brilhado nos últimos anos. “É tudo uma questão de adaptação”, entende Paulo Ribeiro.

Marina Guerra
marina.guerra@regiaodeleiria.pt

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