Assinar

O meu diário: Jogging

Aderi ao jogging. Eu que até há pouco tempo atrás dizia que correr só a fugir dos ladrões ou então atrás do Brad Pitt, rendi-me a essa coisa insensata que é correr sem destino.

Helena-vasconcelos
Helena Vasconcelos, médica hml.vasconcelos@gmail.com

Aderi ao jogging. Eu que até há pouco tempo atrás dizia que correr só a fugir dos ladrões ou então atrás do Brad Pitt, rendi-me a essa coisa insensata que é correr sem destino. Aquela teoria da minha comadre Manuela é verdadeira “Amiga nunca cuspas para o ar que a probabilidade de te cair em cima é grande!” E caiu, caiu. Não tenho um daqueles PT (Personal Trainer), mas que é fino dizer o meu PT isso é. Não tenho PT, nem jeitoso nem por ajeitar. Porque corro? Bem aquilo não é bem correr, é andar a passo mais acelerado, com aquele ar desgraçadinho logo aos 300 metros como se estivesse a tentar terminar a maratona. A verdade é que estou a gostar. Ninguém me chateia enquanto corro. Não atendo telefone, não mando sms e não penso em mais nada que não seja sobreviver e não cair. Depois posso comer mais umas coisitas sem estar a trabalhar para me tornar um verdadeiro cetáceo.

Correr é gratuito e acessível a qualquer hora e se escolhermos um trilho bonito relaxa muito, embora na minha fase ainda levante pouco a cabeça. Só precisamos de ter umas sapatilhas e muita vontade. Esta última não se compra nas lojas mas existem umas aplicações nos smartphones que nos podem motivar lembrando que temos de ir correr. A que eu tenho está sempre a chatear-me com mensagens de alento e lembretes a dizer que está na hora de ir perder calorias. Dizem que o desporto vicia, mas estou longe de me viciar, a cama de manhã e o sofá à noite são muito mais viciantes. Talvez corra para fugir à idade que os anos não perdoam e a perda de capacidades pode ser muito frustrante. Contudo, quando paro sou logo apanhada pela minha idade, que me vem lembrar que tenho articulações nomeadamente joelhos.

Querem um conselho? Experimentem e forcem a experiência, talvez comecem a gostar. Não se importem se são velhos, gordos e desengonçados. Pagamos impostos, podemos desfrutar das ruas como os novos, giros e magros. Não tenham vergonha de nada. Noutro dia quando parei e estava a fazer aquelas figuras tristes que chamam alongamentos uma criança de uns 5 anitos chega-se a mim e pergunta: Estás cansada ou doente? As duas coisas respondi. As duas coisas…

(texto publicado na edição de 12 de junho de 2014)