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O meu diário: Mundial

A ideia de uma Europa unida, não sei a quantos estados, falhou. Não fosse assim estaria a puxar pelos europeus no Mundial.

Helena Vasconcelos, médicahml.vasconcelos@gmail.com
Helena Vasconcelos, médica hml.vasconcelos@gmail.com

A ideia de uma Europa unida, não sei a quantos estados, falhou. Não fosse assim estaria a puxar pelos europeus no Mundial. Usamos a mesma moeda, temos a mesma taxa de juro, as mesmas leis e até eleições no mesmo dia. Mas não, queria primeiro Portugal e depois que o Brasil ganhasse o mundial. Não sei se esta vontade era gerada pelo meu primo António prefeito lá em Ilhabela no Brasil, se pela Antónia natural da Baia que trabalha no Centro Hospitalar S. Francisco e que serve comida ao mesmo tempo que distribui sorrisos e afetos, ou se pela Adriana minha amiga dentista que trocou não há muito tempo Leiria por Campinas.

Culturalmente estamos mais próximos, andamos por lá, falamos a mesma língua, ainda que retificada por acordos pouco recomendados. Todos sabemos o que quer dizer saudade e desgraça mas também alegria e entusiasmo. Geograficamente mais longe mas muito mais perto do coração do que a Alemanha ou a Holanda. Mas depois daquela “abada”ao Brasil estou capaz de dizer que sou alemã. Não fosse a urticária que a Merckel me dá, até me sentiria europeia.

Agora que os nossos rapazes já voltaram sem glória da guerra da bola , derrotados pelo cansaço e todos abespinhados pelas criticas, tudo parece ser desanimo. O Ronaldo podia ter dito mais cedo que não tínhamos qualidade para sonhar mais alto, que os supermercados, as cervejas, tremoços e o marisco tinham poupado em publicidade. Até a Galp energia tinha feito uma promoção de oferta de combustível não para dar a volta ao mundo mas para uma volta ao bilhar grande ou ir ali e já vir. O rapaz enganou-nos a todos a dizer que este era o ano de Portugal. Assim como assim o povo já está habituado a ser engando e traído.

Adorei aquele aproveitamento politico que o presidente do Uruguai deu a propósito do canibal que joga na equipa do país dele. O rapaz morde nas pessoas neste caso nos colegas e já saiu da sala da pré e o senhor presidente acha muito bem. O mau é que pensa que só foi castigado porque coitadinho é dum pais pobre em desenvolvimento. Os oriundos dos países pobres, sim que o rapaz não tem nada de pobre a julgar pelo clube onde joga, tem esta fraqueza que é morder nos adversários. Haja paciência.

Pouco aprendemos com este Mundial e muito sofremos.

(texto publicado na edição de 10 de julho de 2014)