Os liberais acreditam que o simples funcionamento do mercado trará consigo uma inevitável prosperidade. Nos últimos anos, esta asserção, sem fundamento histórico, tem sido seguida à regra pela UE e os resultados estão à vista: recessão, crescimento anémico, desemprego e crescentes desigualdades sociais. A realidade mostra, ainda, que, numa economia globalizada, o mais fraco é sempre o sacrificado.
Por outro lado, a nível internacional também não é verdade que a liberdade de comércio traga, por inerência, a paz.
Os tempos que correm marcam um regresso à instabilidade político-militar na Europa e uma crescente ascensão do nacionalismo, do separatismo, da xenofobia e da intolerância étnica e religiosa, a par da crescente fragilidade de muitos dos Estados e dos seus mecanismos de poder político, financeiro e económico.
Portugal pode servir como exemplo da contínua perda de soberania e da capacidade de manobra estratégica de um Estado que foi incapaz de acautelar os seus interesses, integrado numa entidade supranacional como a UE. A partir da adesão à CEE, transformámo-nos numa frágil economia de serviços dependente dos fundos comunitários.
//= generate_google_analytics_campaign_link("leitores_frequentes_24m") ?>Antes da Troika, estávamos à beira da bancarrota e agora estamos sentados em cima de uma montanha de dívidas que não sabemos como pagar ou conjugar com o desenvolvimento. Diversos sectores estruturais da economia foram privatizados e entregues ao capital estrangeiro, enquanto a banca se vai envolvendo em escândalos de dimensão crescente. Desmantelaram-se centros de investigação e reduziu-se o investimento nas novas tecnologias, na educação e na saúde.
O País confronta-se com o desespero, a falta de confiança e uma vaga monstruosa de emigração de consequências dramáticas. Estamos mais frágeis e pobres, incapazes de controlar o nosso destino, de mão estendida à UE, aos chineses, aos angolanos e a quem tiver dinheiro. Portugal tornou-se um país irrelevante, em crise de identidade e sem voz nos assuntos europeus ou na CPLP. Estamos de regresso a uma situação de dependência externa e de neocolonialismo informal.
Escrito de acordo com a antiga ortografia
(texto publicado na edição de 11 de setembro de 2014)