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O meu diário: Inspiração

Helena Vasconcelos, médica hml.vasconcelos@gmail.com
Helena Vasconcelos, médica hml.vasconcelos@gmail.com

Há pessoas que nos inspiram, nos motivam nos puxam para a frente. Nunca em época alguma se falou tanto de motivação e inspiração. O discurso inspiracional dos TEDx estão na moda, porque todos nós temos um potencial para fazer que desconhecemos, e motivados, quase nada nos é impossível. Essas pessoas não precisam de estar longe ou ser socialmente muito importantes podem ser da nossa família, nossos amigos, nossos vizinhos. Muitas vezes apenas achamos que gostamos da sua companhia, de os ouvirmos ou nos sentimos bem na sua presença. Mais do que os líderes populistas do antigamente gostamos de gente que faz accionar o nosso motor cerebral e o põe a rolar sem esforço. Não gostamos que nos digam o que fazer mas que nos ponham a pensar no que temos que fazer.

Das pessoas mais carismáticas e inspiracionais de Leiria recordo o engenheiro Ribeiro Vieira que nos deixou há 5 anos (parece que foi ontem) mas permanece como exemplo de motivação para mim e para quem teve o privilégio de o conhecer. Empreendedor e homem de negócios mas ao mesmo tempo valorizando o intangível da cultura e da beleza. O engenheiro Ribeiro Vieira valorizava a cultura de uma forma séria e empenhada e sentia a sua terra de uma forma serena mas apaixonada. Este contraste entre o que se mede e pesa e o que se sente e vê, fez dele um ser humano diferente e uma referência para todos.

Lembro-me de no último ano da sua vida lhe ter oferecido uma lembrança que tinha recebido da mão do Papa João Paulo II, quando tinha 18 anos. Não valia nada de nada, só em significado, e ele apreciou muito esse gesto.

Uma sociedade madura é aquela que tem referências e as valoriza e respeita, mesmo quando já não as temos por perto. Em Janeiro, em que tudo se renova, gosto de recordar todos os que já não conseguirei voltar a ver, mas que tiveram uma forte influência nesta pessoa que sou eu. O ser reconhecido é uma coisa bonita e fica bem. Proponho que comecem pelas ruas e atentem nesses ilustres que dão muitas vezes nomes às nossas ruas. É muito bom ser um povo com memória.

(Texto publicado na edição de 19 de janeiro de 2017)