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Sociedade

Cáritas: Ajudar e contribuir para mudar vidas

A Cáritas é a instituição que vai ser apoiada pela Campanha “Fazer o Bem, Olhando a Quem” do REGIÃO DE LEIRIA. Conheça esta casa, aberta a todas as pessoas vulneráveis financeira e socialmente.

Foto de José Marques de Sousa nas instalações na Caritas em Leiria

Poucos conhecem o fundamento da Cáritas Diocesana de Leiria. Associam a instituição ao peditório anual, à venda das velas, à entrega de roupa aos mais necessitados. A verdade é que a Cáritas é muito mais que isso. Tenta promover, no âmbito da ação social, o bem-estar do indivíduo no seu todo. Ajuda desempregados a encontrarem emprego, desenvolve ações que permitam o aumento da autoestima, do interesse pela vida, do saber estar consigo e com os outros. Em suma, contribui para mudar e salvar vidas.

Um dia, há cerca de dois anos, um rapaz vivia “quase numa barraca” com a mulher e uma criança. Com a ajuda da Cáritas, foi trabalhar numa empresa, onde é muito apreciado e, hoje, tem a sua casa e mais um filho. Bastou uma pequena ajuda para conseguir estruturar a sua vida.

Mas há mais. Uma senhora africana percorria as mesas de um café à procura de uma assinatura para conseguir o comprovativo de morada. Ninguém arriscou, ao contrário de José Marques Sousa, presidente da Cáritas Diocesana de Leiria, que além de ter assinado o documento, a enviou para a instituição, sem nunca se ter identificado. A mulher lá foi, fez o currículo, demonstrou as suas aptidões e hoje é uma excelente cozinheira num lar de idosos em Leiria.

Estes são apenas dois casos de muitas situações acompanhadas pela Cáritas Diocesana de Leiria, no âmbito do programa Incorpora, promovido pelo BPI e da Fundação La Caixa, cujo objetivo “é fomentar o emprego entre pessoas em situação de vulnerabilidade”.

As pessoas são ali preparadas, é analisado o seu perfil e trabalhada a sua autoestima, com roupa adequada, um bom penteado e unhas arranjadas… “só quando se olham ao espelho apercebem-se que afinal são ‘pessoas’, bonitas, apresentáveis, indo com outra confiança para as entrevistas.”

Após o emprego, os utentes são acompanhados seis meses pela Cáritas. José Marques Sousa explica que a preocupação é ensinar as pessoas a pescar e não tanto dar-lhes o cabaz. Ainda assim, são “uma casa aberta à satisfação das necessidades das dezenas de pessoas que pedem ajuda”, diz o responsável, referindo-se ao apoio alimentar, monetário (pagamento de água, luz, gás e medicamentos) e de vestuário e calçado. “Mesmo com emprego, não vamos desprezar as pessoas, porque sabemos que as pessoas que hoje estão a trabalhar continuam pobres. Vem aqui muita gente de classe média. As pessoas têm de ter dignidade para viver.”

José Marques Sousa diz que é notório o aumento de solicitações de ajuda no dia a dia. Entre janeiro e outubro deste ano, foram abertos novos processos a 191 famílias, correspondendo a um total de 634 pessoas. Dos 191 processos abertos, cerca de 90 são de famílias de nacionalidade brasileira, que chegam ao país “sem nada”, nem roupa, cobertores, mobília. “Nós ajudamos sempre sem olhar a nacionalidade, a cor, o credo… somos uma instituição da igreja, mas estamos abertos a todos.”

Dar é cada vez mais importante. Vivem-se hoje momentos problemáticos, em sequência da Covid, da guerra na Ucrânia, com os preços a subir e os vencimentos sem aumentar.

José Marques Sousa está grato aos doadores, pois sem eles não existia Cáritas. Assim como sem voluntários (15), não existia Cáritas. “Temos centenas de doadores anónimos que constituem, eles sim, a Cáritas. Oferecem desde dinheiro, a roupa, alimentos, mobílias, tudo o que é preciso para as pessoas viverem”.

A Cáritas Diocesana trabalha em rede com várias instituições da região, para poderem chegar a mais pessoas nas suas ajudas. Como exemplo, José Marques Sousa refere-se ao Centro de Acolhimento do Centro Paroquial Paulo VI. “Não trabalhamos com pessoas sem-abrigo, porque temos esta instituição que o faz muito bem”.

José Marques Sousa explica que as maiores dificuldades são na resposta adequada e célere na criação de documentação dos utentes, além da falta de verba para pagamento das faturas da água, luz e gás e medicação que surgem diariamente.

A falta de vagas em creche e jardim de infância continua a ser, de acordo com José Marques Sousa, uma enorme dificuldade, pois funciona como obstáculo à inserção das pessoas no mercado de trabalho.

Hoje, adianta, é mais fácil dar um cabaz ou uma peça de roupa. “Faz-se num instante”. O que leva tempo e compensa é ouvir as pessoas que precisam de ser escutadas. “A assistente social às vezes está duas horas com uma pessoa, porque aparecem aqui com múltiplos problemas, incluindo violência doméstica”.

Não é por acaso que “Cáritas é Amor que transforma”. A mensagem que o presidente quer deixar é precisamente a de que este amor “é sempre um amor de esperança para as nossas vidas. Não devemos deixar-nos ficar de braços caídos”, devemos “ter esperança” porque o dia de amanhã vai ser melhor. “Temos de estar sensíveis aos problemas das pessoas e não podemos andar aqui com caridadezinhas. Sou muito aberto e gosto de receber as pessoas dando-lhes entusiasmo.”

Uma das compensações que os colaboradores da Cáritas têm prende-se com o regresso de pessoas que pediram ajuda, mas que agora chegam no papel inverso. “Conseguiram dar a volta à vida e oferecem a sua ajuda aos que precisam”.

A nível nacional há 20 Cáritas e a de Coimbra é a maior do país, porque tem as valências da saúde e da educação, onde se insere o OTL (Ocupação de Tempos Livres) Gualdim Pais, em Pombal.

A campanha do REGIÃO DE LEIRIA inclui também as obras das Cáritas em Pombal.

Áreas onde a Cáritas intervém

Entrega de cabazes com bens essenciais, incluindo frescos, carne e peixe; Com os tickets da Cáritas Portuguesa, compram-se produtos que habitualmente não são incluídos nos cabazes;
Ajuda na compra de próteses dentárias;
Ajuda na compra de óculos para as crianças através de programa da Cáritas Portuguesa;
Explica-me – Programa de explicações ao sábado de manhã dadas por alunos do Politécnico;
Incorpora – Programa de Emprego para pessoas mais vulneráveis, com projeto de apoio às pessoas com baixa autoestima.
Feiras trimestrais – No Outono, Primavera e Verão vendem-se roupas, brinquedos, livros e outros bens para angariação de fundos;
Peditório de Rua – para angariar fundos e comprar o que falta nos cabazes (segunda semana da quaresma;
Campanha 10 milhões de estrelas – venda de velas no Natal
Colónia Balnear na Praia do Pedrógão – Para crianças em três turnos, com 48 monitoras
Loja Social – Distribuição de roupas, mobiliário, brinquedos, calçado, entre outros bens.

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