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Cultura

Leirena e Nerlei lançam programa de residências para aproximar empresas e arte

“Manufatura” quer encontrar cinco empresas onde sejam criados e apresentados cinco projetos performativos originais.

Frédéric da Cruz Pires, do Leirena Teatro, apresenta o programa Manufatura
Segundo Frédéric da Cruz Pires, a estrutura teatral estava há algum tempo a desenhar um projeto que juntasse os mundos artístico e empresarial joaquim dâmaso

A companhia Leirena Teatro e a Associação Empresarial da Região de Leiria (Nerlei) lançaram sexta-feira, 10 de dezembro, o projeto “Manufatura”, programa de residências artísticas performativas que quer aproximar empresas e arte.

“Patrocinar projetos culturais é impulsionar o acesso à cultura, transformar comunidades e incentivar a produção artística. Por isso, ‘Manufatura’ tem como objetivo contribuir para a aproximação de duas áreas – o mundo empresarial e a arte – promovendo a criação de projetos performativos com relevância artística e comunitária no panorama cultural nacional e internacional”, anunciou a organização.

Para as duas entidades, trata-se de um “projeto onde a arte também pode ser um parceiro e uma estratégia de comunicação e de inovação de uma marca”.

À agência Lusa, o diretor artístico do “Manufatura” e do Leirena Teatro, Frédéric Pires, disse que há muito a companhia de teatro “estava a procurar desenhar algum projeto que pudesse juntar” os mundos artístico e empresarial, neste caso, pequenas, médias e grandes empresas da região de Leiria.

“O ano passado tivemos duas residências artísticas como experimentação para o que no próximo ano pretendemos fazer. Fizemos uma ‘open call’ e candidataram-se 40 projetos, tendo sido selecionadas duas estruturas, uma italiana e outra nacional, que criaram dois espetáculos”, afirmou.

Frédéric Pires pensou que a iniciativa, que esteve integrada no Festival Novos Ventos, “era de propor às empresas da região através do mecenato cultural”.

Reconhecendo que “Manufatura” terá um custo para as empresas, o diretor artístico ressalvou que “podem ter tudo a ganhar, através do marketing cultural”.

“A empresa acaba por não gastar nada comparando ao que vai ganhar ao nível da responsabilidade social, do bem-estar dos seus trabalhadores, do envolvimento da comunidade e, também, numa estratégia de inovação e comunicação do mecenas”, exemplificou.

“Manufatura” quer agora encontrar cinco empresas nas quais, no próximo ano, irão ser criados, promovidos e apresentados cinco projetos performativos, declarou Frédéric Pires, frisando que “os coletivos artísticos não vão para os estúdios do Leirena Teatro, mas vão criar nas empresas”.

Segundo o diretor criativo, “o objetivo é o de que os espetáculos tenham a ver com a empresa”, uma matéria-prima ou um produto ou até com a identidade cultural na qual se insere, sendo que “Manufatura” está aberta “a projetos que envolvam os trabalhadores e a comunidade”.

“Tem de haver pelo menos o cruzamento de duas artes – música/teatro, dança/teatro ou artes plásticas/teatro – ou pode ser multidisciplinar”, adiantou.

Frédéric Pires acrescentou que, após serem encontradas as empresas, vai ser feita uma ‘open call’ para a receção dos projetos. Cada residência artística vai ter a duração de um mês.

O diretor executivo da Nerlei, Henrique Carvalho, explicou que a associação se juntou à “Manufatura” porque o seu propósito estratégico passa pelo desenvolvimento regional, notando que integra a Rede Cultura, da candidatura de Leiria a Capital Europeia da Cultura em 2027.

“Os projetos nesta área, desde que tenham ligação às empresas, fazem para nós todo o sentido”, garantiu, referindo que recentemente a Nerlei recebeu a visita da ministra da Cultura, Graça Fonseca, que deu conta de que tinha sido aprovada a portaria com a alteração dos benefícios fiscais do mecenato cultural.

“Comprometemo-nos a fazer com que as empresas e os seus trabalhadores tenham mais contacto com a cultura”, informou Henrique Carvalho, adiantando que foi também a qualidade do projeto levou a Nerlei a dele fazer parte.

Henrique Carvalho realçou que “é um projeto de residências artísticas de várias disciplinas e que tem esta dupla qualidade, por um lado ser benéfico do ponto de vista dos colaboradores e da dinâmica diferente nas empresas”.

“E permite também criar conteúdos específicos que podem ser muito interessantes para o reforço da imagem das empresas, no mercado, perante os seus clientes e na comunidade”, assinalou.

O diretor executivo da Nerlei, que tem cerca de mil associados, admitiu que “é um grande desafio conseguir sensibilizar as empresas para esta área da cultura, não apenas pelos benefícios fiscais, mas por aquilo que pode representar para a motivação e retenção dos trabalhadores”.

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