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Musicalmente: A música é como a fruta

Quem pode ter algum prazer superior a degustar um pêssego ou um cacho de uvas em janeiro?

Paulo Lameiro, diretor artístico da Musicalmente paulo@musicalmente.pt

Quem pode ter algum prazer superior a degustar um pêssego ou um cacho de uvas em janeiro? Ou ainda, quem se imagina com um cartucho de castanhas assadas em pleno mês de agosto à beira-mar de São Pedro de Moel? Pois tudo tem um tempo e um lugar.

Sabemos que qualquer dos nossos frutos e legumes tem muitas centenas de milhares de anos de história para apurar o que de melhor tem cada segundo de luz, cada instante de terra, cada coordenada GPS de água. E podem inventar estufas, nutrientes e perfumes de última geração! Aqueles que conhecem e sentem, guardam os pêssegos para julho, e em janeiro degustam laranjas, amêndoas e nozes. A que propósito?!

Então não é que a nossa RTP 2, o canal de quem vê quer ver, para quem supostamente não se excita com gostos disto e daquilo, na noite do passado Sábado Santo, em hora de Vigília Pascal, passou nada mais que um Concerto de Natal!!! Um Concerto de NATAL, acreditem.

Não amigos, isto não tem nada a ver com religião, mas com frutas e legumes. Quer dizer, a religião entra na história, mas para o caso pouco interessa mesmo. Estas poucas linhas não deixam explicar que, tal como a fruta e os legumes, também a música tem a sua época e o seu lugar. Por isto, também nos Concertos para Bebés o repertório é cuidado como a mãe faz com os primeiros alimentos do seu bebé. 30ml de leite materno hoje, primeira fruta aos 4 meses, primeira sopa aos 6. Pode ser diferente? Sim, mas nunca um arroz de cabidela aos 2 meses. Foi o que nos fez a RTP2 nesta Páscoa!

(texto publicado a 4 de abril de 2013)