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Rosto de Francisco Rebelo dos Santos

Francisco Rebelo dos Santos

Diretor do REGIÃO DE LEIRIA

Suiniculturas: história triste sem inocentes

A história da poluição das suiniculturas, se um dia for publicada, vai encher um livro com centenas de páginas negras, onde todos os intervenientes ficam enterrados num pântano de incompetência e falta de coragem.

Ao arrepio de todos os avanços científicos e do progresso civilizacional, longe de todas as conquistas de direitos e consciencialização de deveres, a atividade das suiniculturas continua a ser uma realidade que envergonha a região, ameaça o seu presente e futuro.

Temos de falar alto e escrever a verdade: a história da poluição das suiniculturas, se um dia for publicada, vai encher um livro com centenas de páginas negras, onde todos os intervenientes ficam enterrados num pântano de incompetência e falta de coragem.

Os crimes ambientais do sector sucedem-se há dezenas de anos, como, aliás, sublinhamos num extenso trabalho que publicamos na presente edição. Olhamos de forma particular para os últimos vinte anos, mas revelamos que já em 1960 a poluição associada à exploração de suínos era motivo de preocupação.

Os autarcas, eleitos democraticamente desde a revolução de 74, nunca conseguiram ter visão e liderança, sempre cederam ao peso das suiniculturas em termos de emprego e volume de negócio. Com o pretexto de envolver os suinicultores e o poder central na solução, foram sendo licenciadas novas explorações, algumas até com o estatuto de utilidade pública.

Os rios e ribeiras foram morrendo ao longo dos anos, com a cumplicidade de todos, por atos ou omissões, de nada valendo as denúncias de pessoas comuns ou de reconhecidos especialistas em ambiente. As manchetes de jornais e o tempo de antena de televisões pouco alteraram o panorama destes crimes ambientais e da periodicidade com que ocorrem.

Sim, é obrigatório chamar o Governo, sim é imprescindível mobilizar os suinicultores, aqueles que cumprem as regras e todos os outros, mas o que de uma vez por todas tem de ser feito, deve ter o protagonismo do poder local. Se não formos nós a cuidar da nossa casa, quem o fará?