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Ideia verosímil: Tónico circense

Ainda não chegou e já vai faltando paciência para o tema. Já custa a aceitar o que se diz, escreve, partilha e comenta sobre os 11 “de todos nós”.

Rui Melo Biscaia, diretor de marketing e comunicação r.biscaia@gmail.com

Ainda não chegou e já vai faltando paciência para o tema. Já custa a aceitar o que se diz, escreve, partilha e comenta sobre os 11 “de todos nós”. Uma verborreia alimentada pelos que querem capitalizar no fenómeno ou os que desejam que a atenção fique preenchida com as glórias do “circo”. Desde tempos imemoriais que tal sucede. Estratégia ou tática, pouco importa. Interessante é a recorrência do fenómeno.

Muitos dirão que numa altura em que o país anda deprimido e em que a crise aperta, o futebol surge como um tónico fundamental para não nos deixar cair em depressão. Confesso-me um adepto de futebol mas confesso, igualmente, alguma dificuldade em admitir que um qualquer sucesso desportivo, que possa resultar do Europeu de Futebol, seja razão para tanta ansiedade.

A forma como as entidades desportivas e políticas se esforçam, através dos media, por promover o facto de a população estar ao lado da seleção é caricata. Basta um jogo menos conseguido para se perceber que, em última instância, o que interessa é se a bola cruza ou não a linha de golo.

Que a “Portuguesa” se possa fazer ouvir por muitas vezes durante o campeonato europeu é o desejo de (quase) todos. Mas, continuando a faltar o pão, é uma satisfação efémera que prova que tudo não é mais do que “circo”.

(texto publicado na edição em papel de 8 de junho de 2012)