Desembarcámos em solo desconhecido com toda a determinação e com uma fé inabalável. Os nossos líderes conseguiram convencer-nos da importância desta tarefa. “Salvem o soldado Sebastião a todo o custo, está em causa o futuro da nossa pátria”. Estas foram as últimas palavras que escutámos do nosso grande general. Lembro-me de alguém questionar por que razão iríamos arriscar um resgate de um soldado que ninguém conhecia, principalmente porque a sua localização era totalmente incerta. Não houve resposta e num piscar de olhos já estávamos a caminho e até bastante confiantes! No entanto, o desembarque não correu como esperado. Em pouco tempo perdemos mais de metade do nosso grupo. Foi assustador, mas as ordens eram claras: “avançar sem hesitar”, o lema desta unidade. Até gastaram uma fortuna com bandeiras do melhor linho com este mote escrito a ouro. É verdade…as nossas bandeiras eram lindas, magníficas e transmitiam uma enorme confiança!
Depois de alguns dias perdidos no desconhecido, recebemos uma mensagem de esperança com a possível localização de Sebastião. Isso deu-nos um enorme alento! Era um sinal que estávamos na direcção certa. O Vaz, o nosso “poeta” de serviço até escreveu uns versos interessantes sobre isso. Mas desenganem-se…porque apesar de também ter perdido um olho numa das batalhas, este homem não era nenhum Camões! Quando finalmente chegámos ao local marcado, mergulhámos numa tristeza que nos abalou o espírito. O soldado Sebastião não estava ali! Tínhamos perdido alguns companheiros e companheiras em vão. Quando começávamos a desanimar o nosso general falou via rádio com os poucos que restavam: “Não desanimem, juntos vamos conseguir resgatar Sebastião! Não podemos hesitar agora!” E apenas com as nossas fabulosas bandeiras de linho bordadas a ouro, avançámos sem hesitar!
(texto publicado a 17 de janeiro de 2013)
