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Crónica irregular: E depois do adeus?

Quando começou o resgate financeiro esperava que, no fim, os sacrifícios valessem a pena.

João M. Alvim, advogado jmalvim@gmail.com

Quando começou o resgate financeiro esperava que, no fim, os sacrifícios valessem a pena. Hoje duvido que o caminho, que de liberal tem tanto quanto Portugal tem de país nórdico, tenha um final que evite regressar a um beco sem saída.
Tardam as reformas estruturais essenciais, a começar pela reforma da Justiça, do sistema fiscal e do próprio sistema político. Por outro lado, não vejo a UE a deixar de ser um monstro burocrático e a assumir de vez um cariz federal, com instituições transparentes. Por isso temo que continuemos sem uma sociedade civil crítica e pronta para fiscalizar quem a representa, um Estado reformado, funcional e eficaz, onde o cidadão não seja apenas um item para confisco, mas sim a base essencial para toda e qualquer política. E isto por causa de um desaproveitar constante das oportunidades que o 25 de Abril nos legou. Porque no fim, rebentada qualquer hipótese de reconverter o sistema produtivo, apenas voltaremos aos mercados para continuar a alimentar um Estado que, no seu todo, continuará sobredimensionado e irracional, bem como uma sociedade dependente das suas boas graças, onde produtividade ou competitividade serão sempre palavrões. Eu, no fim, esperava um futuro. Não o passado que nos trouxe aqui. Para esse, corporizado nesta comatosa III República de impunidade e incompetência, quero, mais do que nunca, o fim.

(texto publicado a 14 de marco de 2013)