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Crónica irregular: Os independentes

Tal como o anticiclone dos Açores, as listas de Independentes para as Autárquicas vieram para ficar.

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Armando Constâncio, empresário

Tal como o anticiclone dos Açores, as listas de Independentes para as Autárquicas vieram para ficar.

Se é verdade que muitas estavam fortemente relacionadas com fraturas dentro dos partidos, onde ganharam notoriedade Oeiras e Matosinhos, o que também se observa é que há uma clara perda de confiança nos partidos tradicionais, traduzida num crescente desencanto e erosão da credibilidade dos atores políticos que representam o sistema.
Estão a aparecer novos rostos nas listas de independentes, descomprometidos com o aparelho político instalado e libertos de amarras e compromissos que a militância partidária impõe.

Analisando os programas é facilmente percetível o aparecimento de novas abordagens sobre a forma de se encarar a gestão de uma autarquia, inovadoras na estratégia e especialmente pró-ativas nas áreas do desenvolvimento económico e social e na forma de se relacionarem com as pessoas.

Ainda que, no ato eleitoral do passado domingo, a representação obtida por estes movimentos não seja significativa, ficam sinais claros, para dentro dos partidos, que certamente os farão refletir sobre a forma como se deixaram cristalizar no exercício do poder, muitas vezes conquistado com base em promessas incumpríveis e negociado à mesa dos interesses em que se movem as estruturas concelhias e distritais, onde tudo se negoceia.

(texto publicado na edição de 3 de outubro de 2013)