A afirmação de uma identidade regional é algo de assustador pois deriva sempre do insucesso de outra região. Não remete para uma política de cooperação, mas para a competição e exclusão. E isto num país pequenino é estúpido.
Até percebo a importância de um posicionamento estratégico consonante com uma visão de futuro, mas parece-me que nada disso se passa. Confunde-se afirmação regional com a promoção avulsa daquilo que é “nosso”, independentemente da qualidade ou do seu contributo para o avanço da civilização. “- É nosso? Então é bom para nos afirmarmos como região e para o turismo”. Já agora para a “economia” e para a “cultura”. Chavões que tudo encaixam. E se aquilo que temos é arcaico e medíocre também não há problema! Promove-se como “artesanal” e com “valor histórico”. Dá-se um ar intelectual à coisa e financia-se. Uma pseudo política de esgoto que se alimenta da vaidade do povo e que o entorpece. Uns fazem-no pela caça ao voto, outros por pura ignorância. Mosteiros, castelos, gastronomia, pinhal, industria, etc. É o melhor que temos? Talvez. Mas tudo criado por visionários insatisfeitos e com fome de futuro. A identidade que agora nos querem impor cheira a bafio. Falta-nos a visão, a insatisfação, e o arrojo de outros tempos.
