Portugal tem uma dívida de gratidão para com todos os que lutaram contra a Ditadura, qualquer que fosse o seu pensamento político ou ideologia, até que o regime criado por Salazar, enredado nas suas contradições e politicamente esgotado, soçobrou às mãos dos militares.
No turbilhão que se seguiu à descoberta da Liberdade, o País conseguiu evitar a guerra civil e estabilizou democraticamente, após o 25 de Novembro de 1975, graças, de novo, aos militares e à crescente consciência política dos portugueses.
Hoje, as Forças Armadas garantem a legalidade democrática e são um factor de estabilidade institucional.
Em termos históricos, os militares têm estado no centro da vida política portuguesa, desde as Invasões Francesas e da primeira tentativa de implantar o Liberalismo em 1820.
Os militares estiveram envolvidos em todos os pronunciamentos, insurreições, golpes de Estado e guerras civis que marcaram o século XIX e as primeiras décadas do século XX. As rupturas políticas e as mudanças de regime ficaram sempre a dever-se à acção do Exército e, algumas vezes, da Marinha.
E mesmo o Estado Novo, que lança as suas raízes no movimento militar do 28 de Maio de 1926, na ressaca da 1ª Guerra Mundial, defrontou-se, ao longo da sua existência, com diversas revoltas e tentativas golpistas, nascidas nos quartéis, para derrubar o Ditador.
//= generate_google_analytics_campaign_link("leitores_frequentes_24m") ?>Diversos estudos apontam para que as intervenções militares de ruptura ocorram quando se dá a erosão política do Estado, em situações de grave crise nacional e os regimes se encontram esgotados e divorciados da generalidade da população, a par de questões corporativas internas das Forças Armadas. Nestas circunstâncias, os militares assumem a responsabilidade política da mudança de regime.
Os desafios que o tempo presente coloca à sociedade portuguesa exige que os responsáveis políticos olhem para o nosso passado e retirem daí todas as consequências. Por alguma razão, Portugal, uma das mais velhas nações da Europa, apenas conhece um regime democrático institucionalizado através das portas que o 25 de Abril abriu.
Escrito de acordo com a antiga ortografia
(texto publicado na edição de 24 de abril de 2014)
Marco disse:
"regime democrático institucionalizado através das portas que o 25 de Abril abriu"
Que de democrático pouco tem. Lá está, é um regime, regulado pelos partidos, sem democracia alguma nas bases.