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Olhares: 10 de Junho Dia de Portugal

Celebrar o Dia de Portugal leva-nos a lembrar a história antiga, o amor-próprio, a sede arreigada de independência, os nove séculos de dificuldades e de vontade…

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David Barreirinhas, pároco de Formigais, Ribeira do Fárrio e Rio de Couros padrebarreirinhas@gmail.com

Celebrar o Dia de Portugal leva-nos a lembrar a história antiga, o amor-próprio, a sede arreigada de independência, os nove séculos de dificuldades e de vontade, a capacidade de manter uma identidade aberta, a recusa do fatalismo da mediocridade, o sentido crítico que permite ir à luta e não desistir, a consciência dos defeitos e a tentação do ilusório sonho, a contradição de nos acharmos os melhores ou os piores e o sentido trágico que leva à permanência, apesar de tudo. No entanto, estes elementos têm de ser vistos num percurso lento e complexo. Fernão Lopes retrata os alvores da realidade dos portugueses como projeto próprio de autonomia e emancipação, para além do reino político. João de Barros, nas «Décadas», encontra pela primeira vez os portugueses no mundo. «Os Lusíadas» e Camões apresentam a nossa história como uma epopeia digna dos clássicos. A restauração de 1640 obrigou a consolidar a herança histórica própria. O quinto império abriu caminho à consideração do universalismo da dignidade humana, até que os últimos séculos foram afinando a «arte de ser português», agora, mais uma vez em encruzilhada decisiva. E a vontade, como afirmou Alexandre Herculano, tem tido um papel decisivo. «Somos porque queremos». Eis um motivo de esperança e de sentido crítico.

Escrito de acordo com a antiga ortografia

(texto publicado na edição de 12 de junho de 2014)