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Copo ½ cheio: Rabo de Peixe

Estas linhas poderiam ser uma receita de peixe que qualquer pescador à linha, com paciência, vai conseguindo tirar das águas agitadas das praias da nossa região e isso já era o registo de algo positivo e que temos tão perto de nós!

Rosa Pedrosa, administradora na inCentearosa.pedrosa@incentea.pt
Rosa Pedrosa, administradora na inCentea rosa.pedrosa@incentea.pt

Estas linhas poderiam ser uma receita de peixe que qualquer pescador à linha, com paciência, vai conseguindo tirar das águas agitadas das praias da nossa região e isso já era o registo de algo positivo e que temos tão perto de nós!

Mas o título desta crónica deve-se a uma reportagem que vi, um dia destes, sobre as condições de vida na vila Rabo de Peixe na Ilha de S. Miguel.

Um lugar à beira mar em que a maior parte da população vive da pesca, de regularidade incerta. Atividade em que desde muito cedo os meninos começam a participar, colocando Rabo de Peixe nos rankings de pontos da União Europeia onde o trabalho infantil ainda é uma realidade.

O desemprego elevado, a baixa escolaridade e o declínio da pesca está a deixar a comunidade em situação de pobreza, onde se passa fome e se vive dependente do RSI.

Mas Rabo de Peixe é também o território em que se regista das maiores taxas de natalidade do país, onde as ruas fervilham de vida e alegria dos mais novos, em que a interajuda e apoio da vizinhança faz toda a diferença no dia-a-dia. Esta é a razão por que os jovens de Rabo de Peixe escolhem não sair de lá. Sentem-se felizes na comunidade, com sentimento de pertença e solidariedade.

Esta aparente contradição fez-me pensar que também na adversidade é possível encontrar o sentido da vida.

(texto publicado na edição de 23 de outubro de 2014)