Não sou supersticiosa. Não acredito que gatos pretos dão azar, a não ser para os próprios que morrem mais atropelados, gosto do número treze, mas não à mesa confesso, e não me importo de passar por debaixo de escadas. Porém detesto anos bissextos.
Acho que transportam uma carga negativa que me incomoda. O que será isto senão superstição? O coitado do ano só tem mais um dia para transportar azar e não me parece que tantos azares caibam todos em 24h. Conheço muita gente que os detesta e até já pensei numa petição para acabar com eles. Espalhávamos as 24h que sobram pelos quatro anos e até dava para fazer mais qualquer coisita, sempre são mais seis horitas. Seis horas dá para ver mais 24 doentes no SNS e recuperar as listas de espera das consultas. Não tenho poder para tal, mas arranjava muitos adeptos. Querem desgraças fresquinhas aqui vão: morreram uma data de famosos e ardeu metade do país (Madeira incluída). Que os anos bissextos dão azar já é mais do que obvio para o David Bowie, Prince e George Michael, mas lá em casa já os meus pais não gostavam deles e eu continuo a tradição. Este ano foi o ano do homem fugido um mês à policia, de filhos de embaixadores impunes a maltratar portugueses e de uns quantos políticos corruptos a enlearem-se nos prazos para verem se escapam à justiça. Não posso ocultar a alegria do Euro que encheu de alento os portugueses e que perdurará até ao próximo bissexto que será em 2020.
//= generate_google_analytics_campaign_link("leitores_frequentes_24m") ?>Há quem diga, que em tempos idos, que nos dias 29 de fevereiro era permitido às mulheres pedir os homens em casamento. Se assim era, quem é que está interessado em regras e liberdade que ocorrem de 4 em 4 anos? Era mesmo gozar com as pobrezitas. Melhor do que nada que nos dias que correm não ganhamos nem mais um cêntimo para esse dia a mais de trabalho. Há várias ONGs que incentivem que esse dia ou pelo menos o que se ganha nesse dia se ponha ao serviço da comunidade. Mas enquanto isso não vira regra tenho o direito de não gostar desses anos atípicos com mais um dia em Fevereiro e não em Julho ou Agosto. Fora 2016 venha daí 2017. Feliz ano Novo!
(Texto publicado na edição de 29 de dezembro de 2016)