Tem-se procurado fazer passar a comemoração dos 60 anos do Tratado de Roma, que instituiu a CEE, como um longo período de paz na Europa, o que é verdade, se esquecermos a tragédia fratricida gerada pela implosão da Jugoslávia e os dramas vividos nos países de Leste, sob controlo da URSS.
A CEE nasceu, em plena Guerra Fria, do desejo de paz e de segurança colectiva de homens visionários que tinham vivido os horrores de duas grandes guerras mundiais que destroçaram a Europa.
Apesar das suas actuais dificuldades e da falta de liderança política, na presente conjuntura, não existe alternativa à UE, enquanto espaço democrático de desenvolvimento económico e de controlo dos nacionalismos e dos populismos que lhe andam associados. Todavia, é preciso democratizar a UE e esconjurar a nomenclatura burocrática que a domina, sob a rígida batuta alemã e as regras do Euro. É fundamental reforçar a cooperação, preservar o essencial da soberania dos Estados, respeitar as diferenças culturais e aliviar a dívida soberana que estrangula os países do sul.
Importa, também, não esquecer o contributo do Plano Marshall e da NATO. O Plano Marshall, desencadeado pelos EUA, representou um meio de travar a ascensão dos movimentos pró-soviéticos, no pós-2ª Guerra Mundial, e de relançar a economia dos países da Europa Ocidental, quando a URSS começava a firmar o seu modelo político e ideológico sobre os países de Leste, que libertara do domínio nazi.
A segurança colectiva tem dependido da presença militar americana na NATO e da sua protecção nuclear. Foram elas que garantiram a paz no Ocidente, desde o final dos anos quarenta.
//= generate_google_analytics_campaign_link("leitores_frequentes_24m") ?>A guerra, infelizmente, é um facto histórico permanente e a história da humanidade tem vindo a pulsar ao ritmo da guerra e da paz que lhe sucede.
A UE, apesar de ser um grande espaço económico, não possui a força militar que lhe permita projecção política ou, tão só, garantir a segurança do velho continente, contra as ameaças que o envolvem.
A UE tem todas as condições tecnológicas e económicas para atenuar a dependência militar dos EUA. Assim haja vontade e visão estratégica para enfrentar o período pós-Brexit e as suas implicações no espaço atlântico. Caso contrário não teremos nem a democracia nem a paz.
Escrito de acordo com a antiga ortografia