Agradecimentos e críticas marcaram, em jeito de balanço, a última reunião do executivo municipal de Leiria, na passada terça-feira. Menos expetável foi a intervenção do vereador Vítor Marques, do PS, que há cerca de um ano suspendeu as suas funções como vereador a tempo inteiro alegando razões pessoais e profissionais. Revelou agora que o adiamento da remodelação do Mercado Municipal, a “suspensão” do processo de modernização administrativa (MA) dos serviços e a política de recursos humanos “ou falta dela” na autarquia pesaram na sua decisão.
Sobre o mercado, manifestou o seu desalento pelo facto de o estudo “exaustivo” que desenvolveu com a equipa da Câmara e que deu origem, em 2014, a um projeto que considera “completamente revolucionário” e “diferenciador” ter ficado na gaveta. “O projeto era irrecusável”, “garantia um mercado moderno e funcional, a continuidade urbanística e a requalificação de toda a envolvente”.
Entretanto, uma nova proposta de requalificação do atual mercado terá sido também posta de parte”, frisou o autarca, que ficou a saber, em agosto, que está a ser desenvolvido um terceiro projeto. “Gastou-se 250 mil euros em estudos, e ninguém ainda sabe o que vai acontecer ao mercado”, lamentou o vereador na sua declaração.
Quanto à MA, refere que quando se chegou “ao momento chave” de reorganizar os serviços, foi confrontado há um ano com “interesses instalados e corporativos que não permitiram avançar”. Diz que se viu “sozinho a remar contra um grupo de dirigentes que, na prática, representam o grande poder desta Câmara e não apreciam nada a modernização”.
Com a sua saída, o processo “parou”, e, “inexplicavelmente, ou talvez não, os estrategas do mobilismo foram premiados”, acrescentou o vereador, deixando um pedido aos novos eleitos para que considerem a MA como uma “prioridade absoluta”.
Confrontado com esta declaração, Raul Castro diz que já conhecia estas razões e escusou-se a comentá-las. Referiu apenas que em 2014 “não tinha dinheiro para fazer um investimento de 7,5 milhões de euros no mercado municipal”.
Esta tarde, e após as notícias da imprensa local relativas a estas declarações, Vítor Marques veio a público esclarecer a sua intervenção por considerar “estar a ter interpretações diferentes” do que pretendeu dizer.
Num comunicado enviado ao REGIÃO DE LEIRIA, o vereador diz ter pretendido fazer “um pequeno balanço” sobre o que mais o entusiasmou e o deixou preocupado, “no presente e no futuro próximo”, no momento que entendeu “mais oportuno, que foi a última reunião de Câmara deste mandato”.
“Deixei elogios, e falei do orgulho em ter participado em projectos que vão ajudar a que os munícipes tenham melhor qualidade de vida”, acrescenta, adiantando ter abordado as suas “principais preocupações para o futuro, desejando que os novos eleitos as tenham em conta”, por considerá-las “fundamentais para que a própria estrutura da Câmara, que continua a apresentar grandes resistências à mudança, caminhe para um serviço de excelência aos seus munícipes”.
“A minha intervenção só pode ser analisada como uma crítica construtiva, e nunca no pressuposto de qualquer rutura com a equipa de Raul Castro e do PS, com a qual me mantive sempre solidário”, realça ainda o vereador, reafirmando “publicamente” o seu apoio à “equipa que o PS candidata à Câmara, liderada por Raul Castro”.
(Notícia publicada na edição de 28 de setembro de 2017 e atualizada)
MR
Eleito em 2013, Vítor Marques não integra a lista do PS à Câmara nestas eleições
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