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O meu diário: Homenagem

Não me canso de repetir que um povo sem memória é um povo sem futuro. Que temos de educar para a história, para valorizarmos os feitos dos outros, as dificuldades que enfrentaram, respeitar o legado que nos deixaram.

hml.vasconcelos@gmail.com

Não me canso de repetir que um povo sem memória é um povo sem futuro. Que temos de educar para a história, para valorizarmos os feitos dos outros, as dificuldades que enfrentaram, respeitar o legado que nos deixaram. Os nossos velhos são assim seres humanos riquíssimos que atravessaram estradas diferentes das nossas e fizeram a proeza de trazer até nós esta realidade que hoje enfrentamos. Mesmo os seus erros devem ser interpretados e se pudermos tirar alguns ensinamentos são aprendizagens menos sofridas, porque quem aprende sem bater com a cabeça só demonstra mais sagacidade e mais inteligência. Sou a favor de nomes das pessoas nas ruas, nos edifícios, nas escolas, bibliotecas, nos aviões, nos barcos e até em salas de aulas. Se por um acaso um jovem se interrogar quem é aquele que deu o nome à minha rua já fizemos perpetuar o seu legado, o seu exemplo, o seu feito.

Falem dos vossos antepassados em família, lembrem do bisavô que foi para o Brasil, lembrem da avó que ao contrário das mulheres da época foi para a faculdade ou da outra que criou o seu próprio negócio de vender ovos porta a porta. Vão ver como as crianças vão gostar e vão ficar orgulhosos do tio que tinha uma mota com sidecar ou do outro que ajudou a construir o hospital lá da terra. Nem todos temos famílias de notáveis, mas para nós muitos foram exemplo e transportaram os genes que hoje carregamos.

Esta semana vimos partir o Sr. Manuel Pedro de Sousa, o fundador da Americana. Leiria inteira deveria saber quem foi este homem que com o sentido empreendedor construiu esta empresa do nada e que incutiu nela o seu carisma e a sua forma de estar. Uma empresa familiar que o seu fundador quis também partilhar com os seus empregados dividindo algumas quotas por muitos deles. Partiu sem levar nada como todos os que partem, mas deixou o seu legado, o seu exemplo e para sempre um vazio no coração dos que o amavam. Leiria viu partir mais um filho. E o Sr. Manuel Pedro era sem dúvida um bom filho da sua terra e acima de tudo um homem bom. Estamos mais pobres mas podemos não perder tudo se partilharmos o seu exemplo e postura.

(Artigo publicado na edição de 11 de janeiro de 2018)