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Passageiro do tempo: O negócio dos refugiados

José Manuel Silva

O problema dos refugiados tem originado clivagens políticas importantes entre os parceiros europeus e está a influenciar decisivamente os resultados eleitorais, com o reforço dos partidos menos tolerantes ao fluxo descontrolado de refugiados.

jmsilva.leiria@gmail.com

O problema dos refugiados tem originado clivagens políticas importantes entre os parceiros europeus e está a influenciar decisivamente os resultados eleitorais, com o reforço dos partidos menos tolerantes ao fluxo descontrolado de refugiados.

O último e mais emblemático episódio, ocorreu com o navio Aquarius, impedido de aportar a Itália. A reação foi dúplice, de condenação veemente por muitos, de aplauso por outros tantos; no entanto, para compreender o que se passa e procurar as melhores soluções é necessário olhar para o problema não apenas como uma questão humanitária, mas como uma questão política de fundo e uma das faces de um negócio milenar de tráfico humano.

Convém recordar que foram os americanos e os europeus a originar este movimento quando, mais uma vez, quiseram desenhar países à sua imagem e semelhança. Geraram o caos na região, destruíram países estáveis e agora têm-se mostrado incapazes de resolver o problema que criaram. Face ao tráfico, alimentado por redes mafiosas africanas, asiáticas, do Médio Oriente e europeias, que criaram diversos corredores de trânsito que terminam na Europa, a solução defendida como moralmente superior é acolher toda a gente.

Pode tentar disfarçar-se o óbvio, mas é impossível, e contrário aos interesses europeus, acolher milhões de pessoas indiferenciadas e cujas condições para se integrarem nos países de acolhimento fica muito aquém do que se propaga, como se tem visto em Portugal. Isto não é apenas um problema humanitário é, sobretudo, uma questão política e uma batalha contra o crime de tráfico de pessoas.

Quanto mais permissivas forem as políticas relativamente a este problema, mais rapidamente a Europa se transformará numa fortaleza autoritária, xenófoba e limitadora de muitas liberdades. O voto é como os cataventos; aponta na direção para onde sopra mais forte.

(Artigo publicado na edição de 21 de junho de 2018)