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O meu diário: Regresso às aulas

As aulas começaram. Nota-se no trânsito e no ar tranquilo de alguns pais que já não se angustiam em deixar os filhos um dia aqui, outro dia acolá, às vezes sozinhos em casa a inventar experiências ou a experimentar coisas novas.

hml.vasconcelos@gmail.com

As aulas começaram. Nota-se no trânsito e no ar tranquilo de alguns pais que já não se angustiam em deixar os filhos um dia aqui, outro dia acolá, às vezes sozinhos em casa a inventar experiências ou a experimentar coisas novas. As férias são ótimas, mas muito pouco rotineiras e a rotina cria segurança. Outros pais preocupados porque os seus meninos vão para fora estudar e deixam a casa pela primeira vez, outros porque mudaram de escola e estão sozinhos na aventura de criar laços e arranjar amigos. Os mais preocupados são sem dúvida os que vão pela primeira vez à escola e sofrem até mais não, longe da proteção dos avós, das amas e dos seus mundos circunscritos. Ser pai e mãe é isso, é sofrer com eles ou sofrer por eles. Passam o dia a pensar neles, se choram, se comem, se estão felizes. Se gozam com eles porque são gordos, magros, desengonçados, estrábicos, desdentados ou desadaptados. Sim, crescer é sofrer, mas tudo o que mais queremos na vida é que não sofram.

Mas os nossos meninos são muito do que somos, do que lhes transmitimos, do que lhes ensinamos. E agora está na hora de relembrar a tolerância, a inclusão o acolhimento. E sobretudo o respeito pelo outro, pelo professor, pela escola de todos. Quanto mais socialmente competentes forem, mais têm a obrigação de serem os catalisadores da mudança. A miúda mais gira da turma fará melhor a inclusão da mais feia do que vice-versa. O mais bem visto se acolher o mais periférico, será meio caminho para os outros o seguirem. Sentem-se à mesa com os vossos filhos e falem-lhes sobre a escola, sobre os professores, sobre os colegas e ajudem-nos a encontrar soluções para os conflitos, para os problemas que detetam ou adivinham. Fechem os olhos a alguma traquinice ou transgressão, mas sejam implacáveis na defesa do respeito pelo outro. O carácter não se molda toda a vida e os valores têm idade para serem aprendidos.

Este novo mundo deles é um mundo intrincado, que devemos respeitar, mas poderá ser mais fácil para todos, se os pais fizerem o seu trabalho de casa. Está na hora de mandar TPC para os pais, talvez seja a melhor ajuda que podem dar aos filhos. Nem sempre acertarão, mas fazer o trabalho de casa é já uma grande vitória. Bom regresso às aulas.

(Artigo publicado na edição de 20 de setembro de 2018)