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Helena Vasconcelos

Médica

O meu diário: Presentes

A ideia é criar pontes entre as pessoas e não dar coisas sem sentido ou apenas com o sentido material das mesmas.

hml.vasconcelos@gmail.com

Hoje tenho várias sugestões de presentes de Natal para gente com pouco dinheiro, ou que não quer gastar dinheiro ou para gente que já tem tudo e nada faz falta.

Dos que me parecem mais avisados são os vales de companhia, muito interessantes para oferecer aos avós, mas igualmente interessantes para pais apressados que dispõem de pouco tempo para dar aos filhos. Podem ser feitos assim de forma genérica, tipo vale três horas de companhia ou ter desde já uma intenção, do género vale uma ida conjunta a um cinema, vale um lanche na melhor pastelaria da zona, uma ida às pinhas ou até uma ida à missa. Vale duas horas no alpendre a ouvir estórias do antigamente ou vale duas horas na cozinha a aprender como se fazem filhós ou sopa de feijão.

Podemos oferecer chaves de casa a pré-adolescentes demonstrando assim a nossa confiança no seu comportamento e afirmando reciprocamente que estão grandes e prestes a entrar neste mundo de adultos.
Podemos oferecer livros a pensar nos destinatários e não apenas porque estão na moda, e assinaturas de jornais, em papel ou digitais, conforme as idades e apetências em causa.

Para amigos podemos oferecer trabalho que sabemos fazer como um vale, uma ajuda nas vindimas do próximo ano, uma arrumação de gavetas ou ainda quem sabe, se for eu uma colonoscopia. Podemos oferecer trabalhos manuais feitos por nós ou mesmo serviços de bricolage que sejamos reconhecidos pelo nosso mérito ou eficácia. Podemos oferecer babysitting ou explicações de inglês e ainda uma estadia na nossa casa de família que temos lá no campo.

A ideia é criar pontes entre as pessoas e não dar coisas sem sentido ou apenas com o sentido material das mesmas. O presente mais caro pode ser desprovido de significado e o mais barato cheio de mensagem. Natal é mesmo isso, uma época de reflexão sobre os valores mais importantes sobre o que nos une nesta condição de humanidade. E a doação pessoal é sempre o mais importante e valioso. Feliz Natal.

(Artigo publicado na edição de 5 de dezembro de 2019 do REGIÃO DE LEIRIA)