Reduzir e utilizar apenas um terço da capacidade de lotação máxima dos estabelecimentos. Esta foi a medida anunciada pelo Governo português, ontem, quinta-feira, para tentar conter a propagação do novo coronavírus nos ambientes de restauração.
Com o endurecer das medidas, como reagem os restaurantes perante o medo da pandemia causada pela Covid-19?
“No fundo, agora nós temos que nos recriar e temos que nos adaptar ao segundo, conforme as medidas vão sento tomadas”, relata ao REGIÃO DE LEIRIA Miguel Xavier, sócio-gerente do restaurante Ao Largo, no centro de Leiria.
O empresário e professor conta que desde quinta-feira à noite, 12, a diminuição no movimento começou a ser sentida – na mesma data em que a casa passou a cumprir os cuidados para o sector, reduzindo a capacidade da sala para 15 lugares.
Com a possibilidade da adesão dos clientes cair ainda mais nos próximos dias, Miguel Xavier comenta que o comportamento é “uma bola de neve”.
“Nós deixamos de ter clientes, depois deixamos de comprar aos fornecedores… é trabalhar no vazio”, assume.
A esperança de que o cenário melhore vem, naturalmente, associada à chegada da primavera e a uma possível aposta no serviço de esplanada, ampliando assim a área de serviço do restaurante.
A poucos metros do Mosteiro de Alcobaça, um dos principais pontos de visitação de turistas na região, o restaurante António Padeiro já aderiu às normas de reduzir consideravelmente a capacidade das suas três salas, mas ainda está a estudar quais devem ser os próximos passos.
“Nota-se uma perda significativa de clientes, principalmente portugueses”, sublinha Ana Branco, acrescentando que até domingo irão decidir se permanecem ou não abertos.
O objetivo, agora, é não “tomar medidas isoladas, nem entrar em pânico”, enfatiza a gerente que acha prudente a redução da movimentação ao redor do centro da cidade como um todo. “É mesmo assim que tem que ser”, reforça.
//= generate_google_analytics_campaign_link("leitores_frequentes_24m") ?>Nas redes sociais, os estabelecimentos de restauração também têm demonstrado que estão a seguir as normas de segurança.
Na Marinha Grande, o Hello, Darling reforçou o stock de produtos de higiene e informou, na página de Facebook, que vai desinfetar as superfícies de contacto de hora a hora.
“Queremos manter a nossa cafetaria a funcionar, precisamos disso, mas também queremos garantir a nossa segurança e dos nossos clientes”.
Hello Darling em comunicado publicado no Facebook
Com sede nos Andreus, Leiria, o restaurante Muralhas deu conta de que vai continuar com os “cuidados redobrados”, tendo adotado, inclusive, a recomendação de dois metros de distância entre as mesas, anunciadas em países como o Brasil. “Que o medo não invada as nossas atitudes, mas que a responsabilidade e o bem comum oriente o nosso dia-a-dia”, concluía a publicação do restaurante.
Já na Nazaré, o Casa Pires, conhecido como “A Sardinha”, anunciou que, a partir desta sexta-feira, 13 a casa vai estar encerrada por tempo indeterminado. “Sejam responsáveis. Boa sorte a todos”, pede ainda o texto.
Os prejuízos do coronavírus
Para Cyrano Rodrigues, chef e responsável pelo Coconuts, em Leiria, o apelo é que sejam tomadas medidas a favor do sector.
“Tem que se fazer alguma coisa”, pede às autoridades competentes. “Eu tenho medo de que qualquer dia não tenha pessoas no restaurante”, diz.
“Desde segunda-feira que estamos a sentir uma quebra acentuada”, conta Wilson Ferreira, responsável pelo Sitiado, na Nazaré. “É sexta-feira e já temos uma quebra de 75% da faturação diária”.
Para o empresário, a situação requer apoio das instâncias nacionais. “Prevejo dificuldade em comprometer-me com as despesas fixas mensais e salários. Estamos a ter prejuízo com produtos frescos e com gastos energéticos e a caixa mantém-se a zero”, realça, lembrando que a precaução por parte da clientela deve ser medida.
“Provavelmente na semana que vem, a notar-se uma abrupta queda, terei que passar pela opção do encerramento”, considera.