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(Des)arrumar ideias: Feiras de Maio

Há anos escrevi um artigo, intitulado “Hábitos Culturais dos Portugueses, Feiras Medievais e outros que tais…”.

Patrícia Martins, animadora Cultural patriciafrmartins@gmail.com

Há anos escrevi um artigo, intitulado “Hábitos Culturais dos Portugueses, Feiras Medievais e outros que tais…”, no qual referia a parca visão estratégica de agentes culturais e poder local das cidades na organização de eventos “franchising”, a que chamo de não-eventos, na senda dos não-lugares de Marc Augé, que num caso ou noutro, não acrescentam nada aos locais e que não contribuem para deixar marcas nos territórios e para o envolvimento das comunidades.

Relembro hoje esse texto, depois de uma visita à “nossa” Feira de Maio, que a meu ver este ano é palco de uma intolerável falta de coerência, pouco refletida e estruturada. Não defendo a sua extinção, não que me faça falta, mas porque faz parte da tradição leiriense e me recorda as bolinhas de serradura, que na infância comprava com os meus pais e irmã, num ritual de maio.

Este ano, mais que nos últimos, parece-me que a feira caminha para o marasmo e fracasso. Como em muitas outras questões na cidade, deveriam ser pensadas soluções que acrescentem à tradição, rasgos de interesse criativo e modernidade, porque opiniões à parte há sempre nos locais mais potencial criativo e de mudança do que parece à primeira vista. Podem chamar-me ingénua, mas acredito e defendo que Leiria tem muito para dar, assim encontre o seu caminho. Até lá como dizia Séneca, “nenhum vento sopra a favor de quem não sabe para onde ir.”

(texto publicado na edição em papel de 25 de maio de 2012)