O ponto e o todo
O Povo é quem mais ordena
José Manuel Silva
Professor do ensino superior
jmsilva.leiria@gmail.com
Às vezes há quem se esqueça que, tal como um rio, o Povo, essa realidade sócio-política difusa, tudo inunda, tudo submerge, tudo leva à frente para o bem e para o mal.
//= generate_google_analytics_campaign_link("leitores_frequentes_24m") ?>No Egito, as inundações do Nilo são uma bênção, sempre foram. Desta vez o rio fez-se Povo e a inundação trouxe a força da mudança e o húmus da liberdade e transformou numa torrente de esperança o que não passava de um sonho adiado.
No primeiro momento temeu-se o pior, um banho de sangue ou uma onda avassaladora do fundamentalismo muçulmano, mas foi-se percebendo que as armas das primeiras linhas dos combatentes da mudança eram os telemóveis e os computadores, ou melhor, a informação instantânea e em rede.
Lembrei-me de Gandhi, da resistência passiva e da queda do maior império de então frente aos ativistas que usavam a força da palavra e do exemplo para levarem de vencida a tropa mais bem treinada e armada do mundo.
Não há poder capaz de se opor a um Povo que se levanta contra a tirania e a opressão e em cada época podem mudar as causas, podem mudar as armas, pode mudar a geopolítica, mas permanece imutável a força das gentes quando lutam por uma causa e por um ideal.
Ao ver aquela massa imensa de gente na praça Tahrir não pude deixar de me sentir feliz como eles, e dei comigo a rebobinar o filme da nossa história recente e a experimentar, de novo, a alegria incontida de ver a revolução brotar da força dos tanques enfeitados de cravos que terminaram com a opacidade do Estado Novo e nos devolveram a liberdade e, sobretudo, a esperança.
Já se conhecia o poder dos telemóveis, dos sms, das redes sociais, mas ninguém conseguiu antecipar que depressa se transformariam em armas mais eficazes que as mais sofisticadas usadas pelos exércitos, ao darem expressão à força mobilizadora de uma mensagem a que não se pode dar combate com armas de fogo.
O mundo está a mudar aceleradamente e os sistemas políticos convencionais tardam em se adaptar às novas realidades. A democratização do acesso à informação instantânea e em rede tornam cada vez mais inoperante o sistema representativo em que se baseia o nosso modelo político.
As últimas eleições foram apenas mais um indício do cansaço social que mina o país, das constantes artimanhas politiqueiras, dos escândalos financeiros, da inoperância da Justiça. Em Portugal são desejáveis mudanças rápidas na organização da nossa vida política, sob pena de qualquer dia termos também uma praça Tahrir a abarrotar de gente desiludida e sequiosa de uma nova esperança.
jmota disse:
basilo horta no ps por leiria e o nobre em lisboa pelo psd-vergonha de ser portugues-
Censura disse:
Só gostava de dizer…que cada um tem o seu papel!
Por exemplo os Doutores e Professores deste País, devem ajudar a formar os seus/nossos alunos.
Não deverão compactuar com QRENs virtuais, deverão evitar os compadrios, honrarem a profissão de professores e passarem os ensinamentos correctos aos seus alunos, os sentimentos de exarcebada competição, arrogância, "malvadez" para com o próximo, ou LIXAR alunos….não são certmente necessários para a formação de pessoas correctas! Outro grande problema, tal como na politica, a educação sofre do mal das "Quintas". Afinal de contas os Doutores nas Universidades, estão lá na sua maioria por convite deste ou daquele outro Doutor com filiação politica CLARA! Departamentos que não se dão com outros departamentos por causa das cores politicas ou dos compadrios…não podem continuar a existir…enquanto isso acontecer…não têm qq moral para criticar NADA neste País!
Este comentário não se refere de modo algum, ao Senhor José Manuel Silva em particular, mas penso que este se deverá focar, na própria CLASSE que representa…e assim ajudar a limpar "os podres" da nossa sociedade!