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Play It, Sam: Balanço

Depois da entrega dos Óscares, a vida cinéfila volta ao seu normal antes das grandes estreias para maio que, normalmente, fazem mais sentido num festival pirotécnico do que numa sala de cinema.

João Melo Alvim, advogado jmalvim@gmail.com

Depois da entrega dos Óscares, a vida cinéfila volta ao seu normal antes das grandes estreias para maio que, normalmente, fazem mais sentido num festival pirotécnico do que numa sala de cinema.

Mas, de qualquer forma, em jeito de balanço, deixo a minha opinião sobre as decisões da Academia, tendo presente que não houve grandes surpresas atendendo ao que se previa.

Se “O Artista” já reunia o favoritismo da crítica e do público em geral, a sua consagração serviu para confirmar que a ousadia de fazer do antigo novo demonstra o espaço que o cinema guarda para a sua contínua reinvenção. Ainda para mais quando em “2º lugar” ficou “Hugo” que, apesar de também alinhar na homenagem ao cinema, foi filmado em 3D, que ainda é uma incógnita no que toca a conquistar o público em definitivo. Eu entendo que o cinema é algo a duas dimensões e, muito sinceramente, não percebo a vantagem da 3D quando se quer contar uma história que não dependa de efeitos especiais, mas também n’”O Artista”, Dujardin desdenhava do cinema falado e foi o que foi.

Passando às interpretações, é inevitável que fale da melhor atriz onde há muito tempo que não via dois trabalhos de tão elevada qualidade a competirem diretamente. O Óscar não é uma injustiça na mãos de Meryl Streep, mas não posso deixar de recomendar que vejam “Albert Nobbs”, muito por causa de Glenn Close, uma vez que esta, mais que reencarnar alguém, criou duas pessoas a viverem no mesmo corpo. Notável, a todos os títulos.

Já na fotografia, parece-me que “A Árvore da Vida” seria um vencedor justo, apesar dos dinossauros. Mas como Woody Allen lá levou mais um Óscar, pode-se dizer que, no final, tirando a não inclusão de “Drive” e “Idos de Março” nos nomeados, não se perdeu tudo. E para o ano há mais.

(texto publicado na edição em papel de 9 de março de 2012)