Encerrou há duas semanas a loja de uma conceituada marca de roupas, que ocupava uma localização privilegiada no início da avenida Heróis de Angola, em Leiria.
Imediatamente dei comigo a pensar no que será o futuro daquela avenida, se uma outra marca de roupas do mesmo grupo empresarial e que ocupa o contíguo edifício Paço (em boa hora requalificado), seguir o mesmo caminho, ou seja, transferir-se para o Leiriashopping, concentrando aí os seus esforços comerciais, num local onde é mais fácil apostar, pois tem os consumidores bem concentrados, ao abrigo de vento e chuva e, fator não menos importante, tem estacionamento gratuito.
Recordo há 30 ou 40 anos atrás, a avenida Heróis de Angola como o “centro” da cidade de Leiria, com as suas lojas multimarca, os seus afamados cafés e pastelarias e com o único centro comercial da região – as Galerias Alcrima. Hoje, despojada de quase todos esses ícones, começa a ver-se definhar. As lojas franchisadas e que atraem muitos compradores, procuram transferir-se para locais comercialmente mais atrativos e a população consumidora, aos poucos, vai perdendo o hábito de a frequentar.
//= generate_google_analytics_campaign_link("leitores_frequentes_24m") ?>O que falta então para modificar esta situação? Falta estratégia concertada. Que permita fazer da avenida Heróis de Angola e zonas contíguas um grande e bonito centro de comércio de Leiria.
(texto publicado na edição de 17 de agosto de 2012)
Alexandra Patrício disse:
Tem toda a razão. Também sou possivelmente da mesma altura. A avenida Heroìs de Angola éra talvez o mais importante centro de compras e no entanto é verdade que no centro da cidade , na zona hístórica podiamos comprar quase tudo, excepto vestuário. Como diz e bem a cidade está bonita por fora mas é apenas fachada ou operação de cosmética. As flores que são plantadas e replantadas incansávelmente não substituem as suas gentes, a ocupação dos edíficios antigos, a reabilitação de antigos centros comerciais etc. Os preços do estacionamento e a propria falta de espaço para estacionar levaram-nos a procurar soluções mais fáceis e mais baratas. Não ouve espaço para requalificar as antigas lojas de tecidos, ferrágens, supermercados que tornavam o centro da cidade autosuficiente. Enfim…
José Rui disse:
Infelizmente tem sido assim desde há alguns anos. Será díficil, ou de todo impossível inverter esta situação. Se recuarmos esses mais de 30 anos, encontrávamos a Pastelaria Soraya, Café Colipo, Café Tofa e várias casas de comércio que foram desaparecendo e as existentes tendem a ter o mesmo fim.
É óbvio que será muito mais confortável para o cliente, colocar o carro estacionado à porta da loja, sem pagar, o que acontece no Leiriashoping.
Se recuarmos esse mais de 30 anos, lembro que a Rua Direita (Barão de Viamonte), era por excelência um centro comercial ao ar livre, onde se poderia encontrar tudo…mas mesmo tudo. Lembro-me do frenesim que era nesta altura, com a aquisição dos livros escolares na Papelaria Americana, bem como me lembro a alegria, em época natalícia, a criançada (incluindo eu) a olhar horas a fio para a montra doo Bazar das Novidades, que era a melhor loja de brinquedos da cidade.
As próprias tertúlias dos cafés da Praça Rodrigues Lobo foram desaparecendo, dando lugar a bonitas esplanadas mas de alguma forma efémeras.
Poderia falar dos cortes que efectuaram no trânsito, mas é um assunto tão debatido, tão gasto, que pouco valerá falar… Resta-me falar do preço dos parques…acessibilidades à zona histórica e completa degradação dos imóveis na mesma zona.
Não é só a Avenida Heróis de Angola que está doente…é Leiria, que teima em estar bonita por fora mas estragada no coração.
Leiria é bonita…Leiria está bonita…mas precisa urgentemente de estratégias para não se tornar (como está a acontecer em várias artérias) numa cidade fantasma, sem moradores no centro e o comércio todo a fechar.