A crise está no centro de tudo. Em todo o lado apresentamse estratégias mais ou menos elaboradas para a ultrapassar, para a contornar, para a despistar, para a confundir e a atordoar. Também eu delineei as minhas próprias estratégias que sem complexos vou partilhar convosco.
Em primeiro lugar, prever o que pode acontecer para não morrer de enfarte. E em relação a dinheiro tudo pode acontecer. Quem acreditaria há 3 anos atrás que nos podiam delapidar o ordenado, os subsídios e aumentar os impostos desta forma desmiolada? Quando eles vierem para levar mais, já nós estaremos à espera. Não morreremos de surpresa. A família deve sentar-se, pensar, discutir e implementar medidas que a possam atenuar. Claro que deixar de ver televisão é uma possibilidade se tal for considerado como essencial. Cultivar algo ou apenas deixar de gastar em alguma coisa é aconselhável. Regressar a alguma simplicidade pode ser um caminho.
Não ter vergonha de se dar como desesperado. Claro que todos nós contribuímos para escavar o buraco onde caímos, mas haverá gente mais responsável pelos milhares de más decisões que nos depositaram neste pântano. O que nos parece o fim do mundo não o é de facto, se pensarmos nas verdadeiras e irresolúveis desgraças que nos podem acontecer. Verdadeiras crises sem solução vejo eu todos os dias pelos hospitais. Urge pois relativizar. E para relativizar temos de nos afastar do problema para pensar em quanto mede e quanto pesa. Quando estamos muito perto tudo nos parece enorme.
A família tem de sair reforçada, todos devem partilhar de forma equilibrada angústias e soluções. Não faz sentido poupar as crianças à realidade e continuar a gastar dinheiro desnecessário com futilidades, que elas próprias deixariam de pedir se soubessem que os pais não podem. O que nos faz verdadeiramente felizes são os afectos, o sermos centrais nas vidas dos outros e isso só nos tiram se deixarmos. As melhores férias que tivemos, foram boas porque levámos determinadas pessoas e o melhor restaurante só faz sentido se pudermos partilhar com esta ou aquela pessoa. A humanidade é que nos faz felizes e essa sairá reforçada se quisermos. Dar valor e centralidade ao outro.
Estender a mão a quem nos rodeia: ser solidário. Começar pelos mais próximos e depois deixar esta atitude fluir para outros que podemos ajudar.
//= generate_google_analytics_campaign_link("leitores_frequentes_24m") ?>Ser civicamente responsável. Participar no que pudermos desde as associações de pais, às reuniões de Câmara, pedir esclarecimento acerca do funcionamento das coisas. Não deixar que nos roubem: estar atento sem ser persecutório. Eles fi zeram as asneiras mas fomos nós que os elegemos.
E por último, ser e consumir português.
E se isto não resultar: emigrar.
(texto publicado na edição em papel de 28 de Outubro de 2011)