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Os desafios do presente nas escolhas futuras

A aposta na formação e reforço das qualificações têm um impacto direto e resultam em taxas mais baixas de desemprego e de inatividade no mercado de trabalho.

Para aqueles que buscam uma carreira profissional, é importante considerar que as competências estão em constante mudança. O teletrabalho ganhou impulso, tornando-se uma peça-chave para entender as tendências futuras das carreiras. A ideia de que é preciso sair do país para conseguir trabalho no exterior também pode estar a mudar, com a possibilidade de realizar trabalho remoto internamente, mas num âmbito internacional. Os desafios e as mudanças não cessam. Ainda assim, parece permanecer uma constante em todo este contexto: a qualificação permite ultrapassar barreiras e abrir oportunidades.

Como veremos melhor, mais à frente, alcançar um nível de ensino superior está associado a melhores resultados no mercado de trabalho. É a própria OCDE quem o declara. Espreitando o mais recente relatório sobre a educação nos países que integram a organização – Portugal incluído – conclui-se que em 2021, em média, as taxas de emprego para jovens adultos (25-34 anos) com ensino terciário eram 26 pontos percentuais mais altas do que para aqueles que têm ensino abaixo do secundário superior, nos países da OCDE.

Sem surpresas, adianta o mesmo relatório, denominado “Education at a glance – 2022”, um maior nível de ensino está correlacionado com taxas mais baixas de desemprego e de inatividade no mercado de trabalho.

Nos países da OCDE, as taxas de emprego são mais altas entre os indivíduos com ensino terciário, isto é, superior, na área de tecnologias de informação e comunicação (TIC), e mais baixas entre aqueles que estudaram artes e humanidades, ciências sociais, jornalismo e informação, avança o mesmo relatório. O relatório enfatiza, contudo, que essas diferenças precisam ser colocadas em perspetiva. Quer isto dizer que em média, mesmo os detentores de diplomas em artes e humanidades, ciências sociais, jornalismo e informação têm taxas de emprego mais altas do que seus pares com ensino secundário superior ou pós-secundário não terciário.

Na prática, a análise dos especialistas da OCDE aponta no sentido de as economias modernas dependerem de uma oferta de trabalhadores altamente qualificados. Os trabalhadores com as qualificações em causa, usufruem, consequentemente, de benefícios no mercado de trabalho. Essa dinâmica tem vindo a fazer aumentar o número de pessoas qualificadas. Isto porque, conclui a OCDE, os mercados de trabalho podem absorver o crescente número de trabalhadores altamente qualificados e continuar a fornecer-lhes melhores perspetivas de emprego.

Ao invés, adultos com níveis mais baixos de qualificação enfrentam desafios acrescidos, estando mais expostos ao risco de desemprego. É relevante não esquecer que, tendencialmente, são os empregos menos qualificados, aqueles que podem ser automatizados num futuro próximo, alerta a OCDE. “Estima-se que 14% dos empregos existentes possam desaparecer como resultado da automação nos próximos 15-20 anos, e outros 32% provavelmente passarão por mudanças radicais”, aponta o relatório.

Para já, atualmente, os sinais do impacto da formação na empregabilidade são evidentes. De acordo com o relatório da OCDE, em 2021, por exemplo, a taxa de emprego na faixa etária dos 25 aos 34 anos foi mais elevada entre os jovens que completaram, pelo menos, um nível do ensino superior. No caso feminino, isso é ainda mais notório. Nesse mesmo ano, um pouco mais da metade das mulheres que não completaram o ensino secundário estavam empregadas (63%), enquanto 86% das mulheres com formação superior tinham emprego. No caso dos homens, a diferença é apenas de 74% para 80%, respetivamente.

No que se refere à empregabilidade, as tecnologias de informação e comunicação são novamente aquelas em que um diploma do ensino superior é mais valorizado, sendo que a empregabilidade entre os licenciados foi de 96%. No entanto, a necessidade do mercado não está alinhada com a procura, pois só 3% dos novos alunos lusos, em 2020, é que optou por cursos de tecnologias de informação e comunicação.

“Apesar da necessidade crescente de competências digitais e das boas perspetivas de emprego dos estudantes com cursos em tecnologias da informação e comunicação, apenas uma pequena percentagem dos novos alunos escolhe esta área”, refere o relatório que aponta para 6% como média dos países da OCDE.

De facto, as áreas mais populares são comuns a quase todos os países da OCDE. E Portugal não é exceção: com cursos na área de gestão ou de direito a seduzir praticamente um quarto dos alunos.

A OCDE lembra que “os sistemas de educação precisam responder aos desafios do mercado de trabalho atual e preparar os estudantes para os mercados de trabalho do futuro”. No presente, todavia, aponta igualmente para a necessidade de abrir os sistemas de formação aos adultos, flexibilizando-os, nomeadamente, visando melhorar as competências necessárias para o seu trabalho ou adquirir novas competências para outra área. O desafio da aprendizagem, permanece, independentemente da faixa etária.

Depois de uma pandemia que redefiniu a forma como se aprende e ensina, o regresso à “normalidade” precisa de levar em conta os ensinamentos e impactos desse período, abrindo as portas a uma educação mais eficaz e motivadora. Neste guia, pretende-se ajudar a clarificar percursos e opções, não esquecendo os prós e os contras das escolhas e opções de cada um, rumo a um futuro de autorrealização e satisfação pela constante aprendizagem.