Contava com dois a três anos de trabalho para dar o salto, mas a dedicação e o empenho com que se entregou ao futebol de praia permitiram que, no espaço de um ano, Bernardo Lopes encontrasse um lugar na seleção nacional e elevasse o troféu de tricampeão europeu.
A primeira chamada à seleção aconteceu em outubro de 2020. Bernardo, que até então tinha dedicado todo o seu percurso ao futebol 11, decidiu arriscar. E parece que não se deu mal.
“Fui chamado há um ano [outubro de 2020] para um estágio de observação. Passado um ano sou tricampeão europeu de futebol de praia, fui melhor marcador da Eurowinners Cup. Este ano foi uma loucura, foi muito bom. Tive uma evolução grande e notou-se a nível individual e coletivo, porque consegui ser chamado para ser campeão europeu”, salienta.
Depois de ter partilhado o balneário com alguns nomes de referência no futebol 11 da região, quer no At. Marinhense, quer na União de Leiria, com quem ainda tem contacto – Leandro Antunes, Benny, Afonso Caetano e Bruno Jordão, entre outros -, passou a dividir o campo de jogo com alguns dos melhores do mundo da areia.
“Ao início, pensei que ia ser complicado, mas depois de entrar, recebem-te muito bem e ninguém é superior a ninguém. Temos o Jordan, os irmãos Martins, o Belchior, jogadores que não precisam de mostrar nada a ninguém”, explica. “E aprende-se muito, diariamente. Estão sempre a ensinar-me e têm essa paciência. Nós somos mais novos e há lacunas que têm que ser aprendidas com o tempo e, no meu caso, sei que tenho muitas coisas para aprender e aproveito cada estágio, cada treino e competição para tentar melhorar”, refere.
A oportunidade de jogar futebol de praia surgiu em 2019/2020, quando a época não estava a correr de feição. Bernardo Lopes foi obrigado a parar, alguns meses, devido a um problema de saúde detetado no coração, e com a paragem provocada pelo confinamento, no regresso, decidiu relançar a carreira em campos de areia, pelo GRAP/Pousos, onde já tinha treinado a convite de André Lourenço.
“Já era habitual jogar futebol de praia, sobretudo na Praia do Pedrógão. É a minha praia, sempre foi, e onde normalmente participava no torneio de Verão. Foi aqui que cresceu o bichinho”, conta ao REGIÃO DE LEIRIA, sentado na esplanada do restaurante A Rocha, espaço que gere com os pais, há vários anos.
Foi à Praia do Pedrógão que regressou um dia depois de se ter sagrado melhor marcador na Eurowinners Cup 2021, com 18 golos, pelo GRAP/Pousos. Depois de ter ajudado a equipa Sambenedettesse na prova italiana, e de ter festejado a conquista do campeonato europeu por Portugal. É que além de jogador e gerente de restauração, no intervalo das competições, Bernardo Lopes é nadador-salvador na Praia do Pedrógão, durante a época balnear.
Promoção da modalidade
Bernardo Lopes quer “ganhar espaço e estabilidade” na seleção e continuar a trabalhar em clubes, cá dentro ou lá fora. “Quero aproveitar o que o futebol de praia me tem dado e tentar fazer sempre melhor”, reforça.
Elogia o esforço que a Federação Portuguesa de Futebol tem realizado para promover a modalidade, bem como o trabalho desenvolvido pelos clubes. “Temos o caso da ACD O Sótão, que tem formação e nota-se a diferença, com jogadores a aparecer todos os anos no plantel principal. Na Nazaré trabalham no futebol de praia desde muito novos. Recentemente foram novos jogadores à seleção, o Alexandre Batista, o Codinha e até o [Rúben] Brilhante vem desse trabalho de formação”, justifica.
Por agora, a camisola de nadador-salvador está guardada e a da seleção aguarda a confirmação se Portugal estará na Taça Intercontinental, no Dubai, em novembro. Espera ser recompensado e ver o seu nome entre os convocados de Mário Narciso, quem sabe para erguer novo troféu.
Bernardo Lopes
24 anos
Natural de Monte Real, Leiria
Posição fixo (futebol de praia) e médio (futebol 11)
Futebol 11 GD Monte Real, At. Marinhense, União de Leiria, At. Marinhense
Futebol praia GRAP/Pousos e Sambenedetesse (Itália)
