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“Leiria também esteve dentro de campo na final do Europeu”

O guarda-redes da seleção e do Sporting entende que a obra é um marco importante para os leirienses e, sobretudo, para os emigrantes. Não esconde um orgulho especial por ter contribuído para a vitória da seleção

Tem 29 anos e é campeão europeu de futebol. Natural de Matoeira, localidade da freguesia de Regueira de Pontes, Rui Pedro dos Santos Patrício começou a jogar futebol aos 10 anos no Sport Clube Leiria e Marrazes.

Era lateral esquerdo até que um dia troca com um colega de equipa e vai para a baliza. Não mais saiu. Aos 12 anos, em 1999, muda-se para Alvalade e lá permanece, dominando a baliza. Tem mais de 450 jogos disputados nos seniores e 111 internacionalizações. Foi considerado o melhor guarda-redes do Euro2016 e eleito o terceiro melhor pela France Football.

Conversou com o REGIÃO DE LEIRIA após um treino na Academia de Alcochete.

REGIÃO DE LEIRIA – Quando, na final do Euro, ao minuto 111, Éder rematou, alguma vez pensou que iria ter uma estátua em sua homenagem em Leiria?
RUI PATRÍCIO – [Risos] É lógico que não. Ainda às vezes é difícil acreditar que vou ter uma estátua em Leiria, na minha terra. Sem dúvida que é um grande motivo de orgulho. Passei por Leiria no domingo, junto ao local onde vai ficar e já está sem o outdoor e a ser preparado para colocar a estátua. À medida que o tempo vai passando, o nervosismo também vai aumentando.

Quando esteve no ateliê de Celestino Alves André, ficou admirado com a precisão da estátua. O que mais o impressionou?
Tudo, desde os detalhes da camisola, dos calções, a cara, a barba. Na altura a peça ainda não estava pronta e já estava muito boa. Já tinha muitos pormenores e o escultor dizia que não estava pronta e ‘faltava muito trabalho’. Vai ficar um trabalho fantástico.

Os leirienses vão ter curiosidade em ver a estátua?
As pessoas vão ter curiosidade em ver a estátua e vai ser, sem dúvida, um momento fantástico pelo simbolismo que a estátua representa. Aquela estátua representa o povo português e o que ganhámos, não só em Portugal, em Leiria, mas também em Paris e em França. Por isso tem um significado muito especial.

Ficou sensibilizado com a presença de centenas de emigrantes à porta do hotel, em Marcoussis, para ver a seleção?
Por isso é que acho que a estátua vai representar o que nós ganhámos porque Leiria também esteve dentro de campo, estava representada dentro de campo. É um grande motivo de orgulho não só para mim mas para todos os leirienses. Ter uma pessoa da sua terra a lutar por Portugal tem uma importância enorme.

Para os emigrantes mais que a cidade é o país…
Claro. É lógico que todos sabemos e, por isso, é que o senhor Carlos Matos quis oferecer a estátua. Pelo que ela representa.

O que é que lhe passou pela cabeça, no momento do golo?
Sabíamos que a partir daquele momento estávamos mais próximo do objetivo. Uma felicidade imensa mas até o jogo acabar, fosse este ou outro jogo, o foque tinha que ser o mesmo, mantermo-nos concentrados até ao final.

“Só vou dia 11 para Portugal e vou ser recebido em festa”, disse o selecionador nacional em conferência de imprensa. Era esse o espírito de todo o grupo? Confiantes que a final e a taça eram possíveis dentro o primeiro momento?
Acreditámos sempre que era possível e felizmente as coisas aconteceram como o selecionador queria, e todos nós queríamos e também os portugueses. Felizmente conseguimos e hoje podemos estar aqui a falar da estátua. Será um símbolo que vai ficar para sempre.

Os futebolistas profissionais são o exemplo para meninos que começam a jogar à bola. Ser campeão europeu aumenta a responsabilidade de ser um exemplo?
Desde que começamos a jogar na alta competição sabemos que somos sempre um exemplo para os miúdos, porque eles também jogam e também querem chegar ao alto rendimento. Ser campeão é algo que sempre lutámos para conseguir e queríamos muito. Era um objetivo pessoal, de seleção e do país. É um bom exemplo de que quando lutamos conseguimos conquistar. Passamos por momentos menos bons e mais complicados mas se continuarmos a trabalhar vamos ser felizes. Foi o que aconteceu.

Esperam ter o mesmo apoio na Taça da Confederações?
Sim. São realidades diferentes. É na Rússia mas acredito que vai correr tudo bem tal como fizemos no Europeu.

Para lateral esquerdo, não se safou nada mal na baliza. Foi uma forma de resolver um problema no torneio de Pataias ou de garantir que jogava sempre?
Foi uma troca que fiz com outro amigo meu. Eu fui para a baliza, ele para a frente, trocámos num treino porque já estava farto e eu queria experimentar. A partir daí, ficou.

“Um júnior de cara imberbe que, aos 18 anos, faz a estreia pelos seniores nos Barreiros frente ao Marítimo e garante uma vitória pela margem mínima defendendo uma grande penalidade está talhado para fazer história”. É assim que o site do Sporting o descreve. O que é que o distingue dos outros guarda-redes para que Paulo Bento tivesse apostado em si?
O trabalho como tudo na vida. Quanto mais trabalhamos, mais hipóteses temos de ter sucesso e quando há qualidade, há margem para crescer. Seja eu ou qualquer pessoa, no futebol e não só, se tem margem para crescer, e se quer crescer e aprender, então tem que trabalhar para isso.

Marina Guerra (texto)
marina.guerra@regiaodeleiria.pt
Joaquim Dâmaso (foto)
joaquim.damaso@regiaodeleiria.pt

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