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Francisco Cunha, João Mello e João Sotto Mayor, todos na casa dos trinta e poucos anos, são os novos empreendedores, recém-chegados, diga-se de passagem, a Leiria. Instalaram-se na Praça Rodrigues Lobo, sem medos, e prometem ficar para fazer as delícias de todos aqueles que queiram experimentar a Hamburgueria da Baixa. Se sempre sonharam ser empresários de sucesso, a comandar as tropas com o objetivo de nos trazer à mesa hambúrgueres deliciosos e sangria fresquinha? Não, disseram, entre risos. O Francisco já pisou palcos e relvados: tanto o podem reconhecer de ter jogado em clubes como o Sporting (onde partilhou o balneário com Cristiano Ronaldo) ou o Benfica, como por ter desfilado na Moda Lisboa e no Portugal Fashion; o João Mello, por sua vez, se tivesse escolhido outra profissão, ter-se-ia dedicado aos carros; assume-se, pois, como um amante de velocidades, e de um copo de vinho que, como positivo que é, verá sempre meio cheio, e o João Sotto Mayor, por fim, teria feito ainda voos maiores, mas daqueles em que se está mesmo dentro de um avião, pois ambicionava nunca ter os pés na terra, bem como mergulhar nas profundezas do mar.
Souberam que nós, leirienses, não temos receio de comer sem garfo e faca, e que, de boca em boca, a boa nova espalhar-se-ia, e, uns, mais timidamente do que outros, iam começar a espreitar, quais detetives, para descobrir quem eram os novos inquilinos de um espaço que nos é tão querido. Daí a ocuparmos as mesas como críticos, e curiosos, que somos, foi um passo que nunca consideraremos maior do que a perna!
Depois de, em 2014, terem aberto a primeira Hamburgueria da Baixa, encostada a um Mac Donalds, no centro de Faro, sentiram que eram capazes de tudo… e são! O espaço é acolhedor. Os sorrisos, ainda tímidos e com ânsia de aprovação dos clientes. são uma constante e, quanto ao sabor, desafio-vos, a cada um de vós, a escrever uma crónica sobre o que sentiram quando, na primeira dentada, a carne se desfez na boca e as batatas pareceram não ser suficientes para colmatar a vontade de as comer desalmadamente.
Tanto se pode ficar lá dentro, nos dias mais frios, como na esplanada, e daí, a vista é tão boa como a comida, com a vantagem de que não arrefece, nem, em princípio, está quente de mais: o Castelo, imponente, as pessoas a passear, os miúdos a brincar, nas suas correrias no meio da Praça. Se o objetivo não for jantar ou almoçar, não se apoquente: para além de poder ficar só por uma bebida, em breve, tal como já existe nas suas outras Hamburguerias, terão crepes, num cantinho, onde, nas palavras de um dos sonhadores, estes serão, verdadeiramente, “deliciosos, com gelado e com Nutella”.
O facto de se terem instalado em Leiria, não sendo a cidade que os viu nascer, despertou em mim, sou honesta, alguma curiosidade: não que considere que somos pequenos, ou pouco visíveis no mapa de Portugal, mas sim porque, tal como todos podemos reparar, não são os primeiros, e, esperemos, também, que não sejam os últimos, cujo foco é oferecer um pão com um hambúrguer delicioso. Se isso os assustou? Pelos vistos, não. A concorrência traz a excelência, e a inovação, a distinção. Ainda são jovens e, com toda a certeza, têm o Mundo todo para percorrer e, tendo em conta a área, deliciar. Mas lembraram-se de nós, ouviram dizer que enchemos mesas, pedimos um bom vinho, e esperamos ser tão bem recebidos como os recebemos a eles. E isso é motivo de orgulho: não só deles, porque lutaram e continuarão a lutar (em breve, confessaram, vão abrir o mesmo conceito em Castelo Branco), mas também nosso, que, aos olhos daqueles que de nós só podem falar do que veem, uma vez que que não nos conhecem, somos uma cidade em que se pode investir e arriscar.
Sejam muito bem-vindos à cidade do Rio Lis. E a todos vós, que me leem, desejo-vos uma excelente refeição. Um conselho? Enquanto esperam, se estiverem sentados no interior da Hamburgueria, procurem uma das oito vacas escondidas. Assim que as encontrarem, se as encontrarem, ressalvo, o prato já estará na mesa!
