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Dentição definitiva: Fibrose gengival e dentes inclusos podem explicar atrasos

A prevenção continua a ser o melhor remédio, e, no Dia da Saúde Oral, a odontopediatra Teresa Ribeiro explica a importância da vigilância desde os primeiros dentes

Teresa Ribeiro
Odontopediatra
Leiria

“Quando estão presentes fatores locais que impeçam a erupção pode haver a necessidade de procedimentos dentários/cirúrgicos para solucioná-los. Uma excelente dica para ter em consideração aquando da erupção dos dentes temporários e da troca dos dentes para a dentição permanente é fazer a comparação entre dentes simétricos, ou seja, comparar a erupção do dente do lado esquerdo com o correspondente do lado direito, uma vez que devem andar equiparados”

Existe uma idade limite para a substituição dos dentes de leite (dentição temporária) pela dentição definitiva?

Não, há uma idade média para a troca de cada dente mas cada criança tem o seu ritmo de desenvolvimento e, como tal, esta troca pode ocorrer anterior/posteriormente à média. O acompanhamento pelo odontopediatra/médico dentista deve ser feito desde o primeiro dente ou até ao primeiro ano de vida de modo a detetar alterações ou impedimentos da correta erupção dos dentes definitivos ou temporários atempadamente.

Quais as principais causas para atrasos no surgimento da dentição permanente?

Há atrasos (relativamente à média) por inúmeros fatores. Entre os fatores locais destacam-se a anquilose, que acontece quando um dente temporário fica “agarrado” sem abanar nem cair e impossibilita o seu substituto definitivo de tomar o seu lugar; a fibrose gengival – espessamento da gengiva que impede o dente definitivo de aparecer na cavidade oral -, e os dentes inclusos (retidos dentro do osso) que possam estar mal posicionados ou ter barreiras no seu trajeto eruptivo. Entre os fatores sistémicos destacam-se as alterações hormonais como o hipotiroidismo que está associado a um atraso geral na erupção dos dentes. Alterações genéticas como a Trissomia 21 e a Disostese Cleidocraniana estão também relacionadas com uma troca mais tardia da dentição. O sexo da criança interfere também, sabendo-se que a troca da dentição tende a ser mais precoce nas meninas. A alimentação tem também um impacto, já que alimentos menos fibrosos e consistentes, ao exigirem menor potência mastigatória, provocam um estímulo menor para a reabsorção das raízes dos dentes temporários. Todas estas situações são identificáveis pelo odontopediatra nas consultas de rotina.

É aconselhado que desde o nascimento do primeiro dente temporário ou desde o primeiro ano de vida da criança seja feito um acompanhamento pelo odontopediatra/médico dentista de forma a adereçar o mais breve possível alguns dos problemas que podem interferir com a erupção adequada dos dentes temporários e permanentes”

Quando é que a falta dessa dentição constitui um problema?

A ausência de algum dente definitivo (agenesia) tem um impacto mais ou menos severo dependendo dos dentes em falta. Podem ocorrer alterações estéticas, funcionais (mastigação e na fala) e consequentemente no desenvolvimento da face e maxilares. Estas situações podem ser atempadamente diagnosticadas recorrendo à ortopantomografia, sendo possível fazer um plano de tratamento para que as eventuais consequências sejam diminuídas ao máximo.

Os dentes temporários podem ou devem ser extraídos?

A causa principal de extrações dentárias em crianças deve-se ainda à elevada prevalência de cáries, que, apresentando grande extensão, impossibilitam o seu tratamento. Outra causa comum ocorre quando está presente em simultâneo na boca o dente temporário, que não caiu, e o seu sucessor definitivo. Há por vezes necessidade de recorrer a extrações como intervenção ortodôntica precoce de modo a promover o desenvolvimento adequado dos maxilares.

Há pessoas que não têm um, dois, três ou os quatro dentes do siso. Não são essenciais?

A presença dos dentes do siso é bastante variável entre indivíduos. Muitas vezes não estão presentes na cavidade oral mas estão inclusos ou semi-inclusos e só são detetados em radiografias. De modo geral, estes dentes não são essenciais e são muitas vezes fonte de problemas pelo que devem ser vigiados regularmente.

(Artigo publicado originalmente no Diretório de Saúde 2020 do RL, onde pode encontrar esclarecimentos de especialistas sobre outros temas)

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