A implementação de uma estratégia nacional de combate à endometriose e adenomiose é o propósito da petição pública que a MulherEndo – Associação Portuguesa de Apoio a Mulheres com Endometriose, sediada em Leiria, lançou em meados de abril.
O documento, que já recolheu cerca de 7.700 assinaturas, destaca a escassez de respostas e falta de eficácia do Serviço Nacional de Saúde no diagnóstico e acompanhamento das mulheres com a doença.
“A endometriose é uma doença que se caracteriza pela presença de tecido similar ao do endométrio fora do útero, provocando dores pélvicas crónicas incapacitantes, infertilidade e outros sintomas de grande relevo”, explica Susana Fonseca, presidente de MulherEndo e primeira signatária da petição, frisando “o impacto significativo” da doença na saúde física e mental da mulher e em “todas as vertentes da sua vida”.
Considerando urgente a adoção de mudanças profundas na abordagem do problema que considera “de saúde pública”, a petição defende, para pacientes com diagnóstico de endometriose e/ou adenomiose, a instituição do estatuto de doença crónica, o alargamento da idade para recurso à procriação medicamente assistida, a possibilidade de recolha de ovócitos, a criação da licença menstrual e a comparticipação de medicamentos específicos.
O documento advoga ainda a instituição do Dia Nacional da Endometriose e Adenomiose e que seja recomendado ao Ministério da Saúde a criação de uma comissão de trabalho relativa a esta patologia, que estima afetar mais de 230 mil mulheres em Portugal.
//= generate_google_analytics_campaign_link("leitores_frequentes_24m") ?>Entre os signatários da petição, constam os nomes de vários profissionais de saúde, entre os quais António Setúbal, diretor de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital da Luz Lisboa, Hélder Ferreira, coordenador do Centro de Cirurgia Minimamente Invasiva e Endometriose do Centro, Fátima Faustino, coordenadora do Serviço de Ginecologia/Obstetrícia e do Centro de Tratamento de Endometriose do Hospital Lusíadas Lisboa e a apresentadora Raquel Prates.
A MulherEndo, que cita o exemplo do presidente francês Emmanuel Macron, que em janeiro apresentou “uma estratégia nacional visando gerir, divulgar e diagnosticar a endometriose”, por considerar a doença “não apenas um problema feminino” mas “um problema social e que exigirá a criação de redes regionais”, diz ainda ter solicitado audiências aos partidos políticos com assento parlamentar sobre esta matéria.
A petição pode ser consultada online.