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Cultura

Um “pano” tecnológico corre pela primeira vez para revelar a ópera nascida no Pavilhão Mozart

“O tempo (somos nós)” é a mais recente criação de “Ópera da Prisão” da SAMP. A estreia será no Estabelecimento Prisional de Leiria – Jovens e depois será apresentada na Fundação Gulbenkian.

Nova ópera criada a partir da prisão utiliza a tecnologia para ligar reclusos, familiares, músicos, guardas e técnicos do Estabelecimento Prisional de Leiria - Jovens Joaquim Dâmaso

Em palcos diferentes, recorrendo a realidade virtual aumentada, músicos cantores e familiares dos reclusos vão juntar-se, a partir da Fundação Gulbenkian, a jovens presos, guardas e técnicos no interior do Estabelecimento Prisional de Leiria – Jovens (EPLJ). Este sábado, 4 de junho, às 10h30, corre o “pano” tecnológico tecido pelo projeto Traction, consórcio europeu de que faz parte a Sociedade Artística Musical dos Pousos (SAMP). Será a estreia da primeira ópera criada de raiz no contexto de “Ópera na Prisão”.

“O tempo (somos nós)” foi preparada ao longo de ano e meio a partir do Pavilhão Mozart, instalado na antiga tanoaria do EPJL, utilizando ferramentas digitais desenvolvidas pelo consórcio que integra, por exemplo, o Gran Teatre del Liceu, de Barcelona, ou a Irish National Opera, da República da Irlanda. “Co-Creation Space” e “Co-Creation Stage” são soluções criadas para permitir a cocriação e ligar à distância artistas e performances em diferentes palcos.

Dessa forma, sábado, envolvendo “toda a comunidade, de dentro e de fora da prisão”, frisa a SAMP em comunicado, estreia a ópera escrita por Paulo Kellerman, para a qual Francisco Fontes, Nuno da Rocha e Pedro Lima imaginaram composições. Criada de raiz, “O tempo (somos nós)” propõe “uma interpretação livre e contemporânea das histórias de Ulisses e Penélope”, exercício que explora “dualidades e conflitos internos dos protagonistas com dramatismo e humor”, explica Paulo Kellerman.

Para o autor do libreto, a nova ópera questiona “a oposição entre escolha individual e condicionalismo coletivo, a conceção de liberdade como utopia ou mera possibilidade de opção entre diferentes formas de prisão, a importância do amor na definição do destino” e, sobretudo, a perceção de tempo. “O tempo somos nós. Mas como torná-lo realmente nosso?”, interroga.

Depois da estreia no EPLJ, “O tempo (somos nós)” é apresentada no grande auditório da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, dias 16 e 17 de junho.

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