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Caldas da Rainha

Câmara solicitou avaliação do LNEC aos Pavilhões dos Parque. PCP pede reversão da concessão

Investigação em curso aponta para a possibilidade de intervenção humana na origem do incêndio. PCP pede reversão da concessão à Visabeira.

Foto: Proteção Civil Caldas da Rainha

A Câmara das Caldas da Rainha solicitou ao Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) uma avaliação às anomalias provocadas pelo incêndio nos Pavilhões do Parque, cujas causas estão a ser investigadas mas apontam, segundo a autarquia, para intervenção humana.

Na segunda-feira, 25 de setembro, deflagrou um incêndio no último piso de um dos Pavilhões do Parque D. Carlos I, destruindo o telhado e o madeiramento do sótão.

As causas do incêndio, “não estando ainda totalmente apuradas e continuando em investigação por parte das entidades policiais competentes, remetem indiciariamente para a possibilidade de intervenção humana, segundo os peritos e operacionais que intervieram no local”, divulgou a Câmara das Caldas da Rainha, no distrito de Leiria, em comunicado.

A autarquia, liderada pelo movimento independente “Vamos Mudar”, informa no comunicado ter já solicitado a colaboração técnica e científica do LNEC na “avaliação de anomalias no edifício” atingido pelo incêndio.

Após as operações de rescaldo e remoção de entulhos, a Câmara determinou a realização de uma perícia e determinou a implementação de um conjunto de medidas preventivas executadas pelos serviços municipais.

Entre elas, a vedação do perímetro do edifício de modo a salvaguardar o risco de queda de revestimentos, empenas ou elementos estruturais e a limpeza dos detritos resultantes do incêndio.

Outras ações efetuadas, com base num parecer técnico, foram a consolidação estrutural temporária das mansardas e da laje suportada e medidas de proteção contra as ações erosivas dos agentes atmosféricos.

Os pavilhões foram projetados nos finais do século XIX por Rodrigo Berquó para serem o novo Hospital D. Carlos I.

O projeto previa a construção de sete pavilhões, destinados a enfermarias, mas o arquiteto morreu antes da sua conclusão e os pavilhões nunca chegaram a cumprir essa função, tendo servido, durante mais de 100 anos, para albergar um quartel militar, uma esquadra da polícia e uma escola secundária.

Parte integrante do património termal concessionado pela Estado à autarquia (em 2015), os pavilhões foram, em 2017, concessionados pelo município ao Grupo Visabeira para a construção de uma unidade hoteleira de cinco estrelas, num investimento estimado em cerca de 15 milhões de euros já candidatado ao programa Revive/Turismo.

Após uma reunião de trabalho com a administração do grupo, realizada no dia seguinte ao incêndio, a Câmara divulgou que a empresa acionou a companhia seguradora contratada para proteção daquele património histórico, “cuja cobertura de danos comportam o tipo de ocorrência registada”, conclui o comunicado.

PCP pede reversão de concessão

Entretanto a direção da organização regional de Leiria (DORLei) do PCP considerou, em comunicado, o incêndio “um desastre que suscita a maior preocupação”, instando para medidas urgentes para preservar o espaço e evitar a degração “causada pelas chuvas do inverno que se aproxima”.

Para os comunistas, a ocorrência de segunda-feira no Parque D. Carlos I é “mais um exemplo das consequências da política de património seguida pelo Estado Central, com a complacência de muitas autarquias, de abandono e desleixo visando a sua entrega ao capital privado”.

O PCP considera que o património edificado das Caldas da Rainha “tem sofrido inquietantes acidentes, mesmo quando, aparentemente, estava a ser recuperado”, recordando “as derrocadas da fachada do Hotel Lisbonense e do portal da fábrica Secla”. A par disso, reclama-se a classificação, com caráter de urgência, das edificações que integram o Parque D. Carlos I: além dos Pavilhões, o Museu Malhoa e a Casa dos Barcos.

No caso dos Pavilhões do Parque, a DORLei aponta o dedo à Visabeira, que, em 20217, recebeu concessão para instalação de uma unidade hoteleira nos edifícios históricos. “Até hoje nada fez, esgotando o prazo previsto para a conclusão da obra”, prometendo depois que neste mês de setembro iria arrancar, “sem que sem que, no entanto, até agora nada avançasse”.

Por isso, os comunistas reclamam “a reversão imediata da concessão atribuída ao grupo Visabeira”, até porque, acrescentam, o projeto elaborado “adultera gravosamente a tipologia arquitetónica do edifício”.

No mesmo comunicado, a DORLei manifesta preocupação com “os processos do Mosteiro de Alcobaça e da Batalha”, pela “instalação de uma unidade hoteleira no primeiro e a degração de peças escultóricas no segundo”, lamentnado ainda “a situação de arrasto das obras e falta de de acompanhamento técnico adequado no convento de Cós ou da capela de S. Gião, na Nazaré.


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