Assinar

Corta-relvas: Nazaré a meter água

Nesta batalha perdida entre a “lotaria” de Chicharro e o “alarido=40milhões” de Barroso, só o “canhão” da Nazaré pode resolver o que a tesouraria autárquica esbanjou.

Joao-pombeiro
João Pombeiro, jornalista e editor-executivo da revista LER pombeiro@gmail.com

1. Visto e revisto: paredes de água é com a Nazaré. Dois anos depois do havaiano Garrett McNamara ter colocado as ondas gigantes da Praia do Norte no mapa mundial do surf, na capa de jornais de prestígio internacionais e no livro dos recordes do Guinness, é Chicharro agora a apresentar um “tsunami financeiro” (REGIÃO DE LEIRIA, 28/11/2013). Walter Chicharro, recém-elei­to presidente da Câmara da Nazaré, tem a conta feita: uma dívida municipal de 42 milhões de euros a “empresas, fisco, Segurança Social, Caixa Geral de Aposentações e ADSE” (recorro à peça do jornalista Carlos S. Almeida). “O cenário que encontrámos é dantesco”, afirma Chicharro. “Deparámo-nos com o caos financeiro mas também organizativo. Não há um euromilhões que nos ajude a salvar a situação.”

Tsunami, política, lotaria. Este revelador quadrado autárquico só fica completo com a entrada em cena de Jorge Barroso, autarca da Nazaré entre 1993 e 2013: “Não percebo como é que na campanha [Chicharro] afirmou que o passivo da câmara era de 140 milhões de euros e agora com os 40 milhões se faz esse alarido”, esclarece ao REGIÃO DE LEIRIA.

Nesta batalha perdida entre a “lotaria” de Chicharro e o “alarido=40milhões” de Barroso, só o “canhão” da Nazaré pode resolver o que a tesouraria autárquica esbanjou. A onda de McNamara é barata e dá milhões a longo prazo. Basta não estragar. Deixem-nos trabalhar. Aos surfistas, bem entendido.

2. Uma pessoa vai na onda, ah e tal, “flat” para aqui, “tubos” para acolá, e ainda se arrisca a não ter espaço para sublinhar o essencial. E o essencial, neste caso, passa por agradecer à Patrícia Duarte pelo honroso convite que me fez para colaborar durante este ano com o REGIÃO DE LEIRIA; ao Vítor Pedrosa, pela paciência de me lembrar todos os meses que havia um “Corta-Relvas” para entregar; e a Francisco Rebelo dos Santos, director deste jornal – um jornal onde escrevi com total liberdade, e isso, acreditem, meus caros três leitores, é um oásis em Portugal.

3. Isto, na verdade, não é bem uma despedida. É um vou-ali-e-já-volto. Feliz Natal a todos.

Escrito de acordo com a antiga ortografia

(texto publicado na edição de 5 de dezembro de 2013)