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José Vitorino Guerra

Exclusivo

Não podia dizer outra coisa

Desde o século XV, a emigração marca todas as épocas e regimes e a Democracia não a estancou. Hoje, milhares de jovens partem à procura do que a Pátria lhes nega. São o rosto da nossa fragilidade económica e social.

Caiu o “Carmo e a Trindade” em cima do Presidente da República pelas suas declarações no Canadá aos emigrantes. Sabe-se que o nosso Presidente é de verbo fácil, opina sobre tudo, gosta de enriquecer o álbum de família dos compatriotas com umas “selfies” e volta e meia descuida-se. Deixemos de lado o aviso profiláctico sobre o decote da menina e o risco de gripe e passemos à substância: “Vocês mostram o que nós somos. Somos fado, somos bacalhau, somos caldo verde, somos cozido à portuguesa, somos o vira, o corridinho e o fandango. Somos Ronaldo.” Os emigrantes mostram o que nós somos! É o nosso fado! O fado de um país ingrato que não consegue dar condições adequadas aos seus naturais e que os obriga a procurar noutras paragens qualidade de vida.