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Opinião: Nutrição no desporto (II)

É fundamental adequar a suplementação aos objetivos e estado de saúde de cada pessoa ou atleta, à modalidade desportiva, o custo-benefício do uso desse suplemento e os riscos para a saúde e performance.

hml.drbcsports@gmail.com

No seguimento do artigo do passado mês, trago novamente a temática da nutrição no desporto para falar em maior detalhe dos suplementos desportivos. São vários os estudos que mostram que mais de metade dos praticantes de exercício físico ou desporto recorrem a suplementos alimentares. Destes, cerca de 8 em cada 10 utilizadores não sabe a composição do suplemento que está a consumir. Estes números são particularmente preocupantes se pensarmos que a toma de um suplemento deve ser feita de forma personalizada, sendo que a larga maioria é vendida prometendo um resultado que não é comprovado pela ciência.

Quando falamos em suplementos desportivos, podemos fazer uma divisão em três grandes grupos:

a) Ergogénicos, que melhoram a performance desportiva, dos quais os que efetivamente têm evidência científica que comprove a sua eficácia são a creatina, a cafeína, a beta-alanina, o sumo de beterraba e os agentes alcalinizantes (como o bicarbonato de sódio).

b) Alimentos e bebidas desportivas, que incluem, por exemplo, as bebidas e/ou barras desportivas, géis desportivos, eletrólitos, proteína Whey e refeições líquidas. Estes suplementos conseguem concentrar uma grande quantidade de macronutrientes, como hidratos de carbono, gorduras ou proteínas, bem como de micronutrientes e assim serem consumidos em períodos específicos do dia em que não é possível fazer uma refeição típica;

c) Suplementos médicos, que incluem sobretudo micronutrientes, como ferro, cálcio, vitamina D, multivitamínicos e minerais, probióticos e ácidos gordos ómega-3 que podem ser utilizados de forma pontual e supervisionada. A sua utilização pode acontecer quando existe uma carência específica, como por exemplo numa anemia.

No caso particular dos jovens, os suplementos ergogénicos devem ser evitados, ao contrário dos alimentos desportivos e suplementos médicos que, em casos pontuais e de forma supervisionada podem, efetivamente, ser usados. Não obstante esta possibilidade, os jovens devem focar-se em consumir uma alimentação equilibrada e adaptada à sua realidade desportiva, por forma a não comprometer o seu crescimento e adaptação do organismo ao esforço físico.

Deve sublinhar-se que o uso de suplementos não compensa uma alimentação pobre e inadequada. Pelo contrário, um suplemento destina-se a complementar um regime alimentar normal, sendo por isso uma fonte concentrada de um determinado nutriente ou substância com papel nutricional ou fisiológico.

Reforço a ideia de que é fundamental adequar a suplementação aos objetivos e estado de saúde de cada pessoa ou atleta, à modalidade desportiva, o custo-benefício do uso desse suplemento, os riscos para a saúde e performance e, no caso particular do desporto, a eventual contaminação do suplemento com substâncias dopantes e consequente resultado positivo num teste de dopagem. Recomendo por isso o adequado aconselhamento realizado por profissionais de saúde e/ou do exercício físico devidamente capacitados. Informe-se!

(Artigo publicado na edição de 7 de novembro de 2019 do REGIÃO DE LEIRIA)