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É sexta-feira foge comigo: “A praia”

Aquela praia tinha muitas histórias para contar. Quantos casais terão ido ver o pôr-do sol, quantas pessoas se terão apaixonado numa fracção de segundo, quantas palavras terão ficado por dizer, quantas separações se consumaram ali, ao vivo e em directo com o mar a servir de testemunha? Quantos meninos e meninas terão nascido em Abril ou Maio como consequência directa de algumas tardes chuvosas de Julho ou Agosto? Não muitas, é certo, mas alguns… Para muitas pessoas, aquela praia é de facto o berço da sua humanidade.

Aquela praia tinha muitas histórias para contar. Quantos casais terão ido ver o pôr-do sol, quantas pessoas se terão apaixonado numa fracção de segundo, quantas palavras terão ficado por dizer, quantas separações se consumaram ali, ao vivo e em directo com o mar a servir de testemunha? Quantos meninos e meninas terão nascido em Abril ou Maio como consequência directa de algumas tardes chuvosas de Julho ou Agosto? Não muitas, é certo, mas alguns… Para muitas pessoas, aquela praia é de facto o berço da sua humanidade.

Lembro-me de um casal de idosos que deixou de aparecer de um Verão para o outro. O senhor, que poderia perfeitamente ter sido outrora um atleta, andava na casa dos setenta e muitos anos. O corpo na parte do tronco era às pregas, com os restos de músculos salientes e bem formados, que com o passar dos anos e das estações, se tornaram em mera carne pendurada.

Na zona da rebentação, embora já mal se aguentasse de pé após a primeira vaga, ele enfrentava as ondas destemido, com olhar de quem já não tem medo de morrer, ou simplesmente porque se convenceu que domesticou o oceano, como quem se afeiçoa a um animal feroz.Uns metros atrás, no areal, a companheira tentou posicionar a toalha em cima de uma rocha para descansar.

A execução durou mais de um minuto a tremer das pernas e no momento de se sentar, acabou por se deixar cair algo desamparada com a ajuda do peso da gravidade. Ficou mal sentada com meio rabo fora da toalha, e os restantes cinco minutos foram passados a tentar compensar o desconforto com mudanças pouco convincentes de posição. Nisto o companheiro chega ofegante do mar, calções vermelhos com o nº 7 estampado. Disse-lhe qualquer coisa que não percebi e com um movimento enérgico de um só braço, ajuda a sua amada a levantar – se e seguiram caminho em direcção ao hotel.

Ele, com um chinelo de cada cor, em dois minutos, em pleno areal, distanciou – se da mulher mais de 30 metros. Já mal falavam entre si porque simplesmente não era preciso.
Segundo os astros, amavam – se perdidamente há mais de meio século.”

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