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Saúde

Estudo de cientista de Leiria sobre vírus Zika publicado na revista Nature

Nuno Faria, jovem cientista de Leiria, investigador da Universidade de Oxford, integra a equipa internacional que estudou a genética do vírus Zika no Brasil, permitindo aprofundar o conhecimento sobre a doença e a sua propagação.

Nuno Faria, jovem cientista de Leiria, investigador da Universidade de Oxford, integra a equipa internacional que estudou a genética do vírus Zika no Brasil, permitindo aprofundar o conhecimento sobre a doença e a sua propagação.

O resultado deste trabalho é publicado com destaque na edição dee 24 de maio da revista Nature. O trabalho desenvolvido pela equipa que integra Nuno Faria é considerado importante pelo seu potencial em melhorar a resposta em futuros focos do vírus.

A investigação, cujos resultados são publicados na Nature, foi levada a cabo pelas universidades de Oxford e Birmingham em parceria com diversas entidades brasileiras e financiada pelo ministério brasileiro da saúde. “Um melhor conhecimento da diversidade genética do vírus Zika é crítico para a conceção de uma vacina e para identificar as áreas onde a vigilância é mais necessária”, aponta Nuno Faria.

O cientista leiriense adianta que o trabalho no terreno, levado a cabo pela equipa de investigadores, “foi uma aventura”. Implicou uma viagem de carro de 2.000 quilómetros de Natal, em Rio Grande do Norte, a Salvador da Bahia, “com sequenciadores portáteis no bolso” e incluiu a visita a vários laboratórios de saúde pública, bem como o teste de “cerca de 1.300 amostras em apenas 15 dias”.

Entre outros aspetos, “a interseção de dados epidemiológicos com dados genéticos permitiu-nos perceber que fatores estão mais associados ao aumento de casos de Zika” no Brasil, refere Nuno Faria ao REGIÃO DE LEIRIA. “Vimos que, por exemplo, fatores ecológicos como temperatura e humidade, estão fortemente correlacionados com o número de casos”. Estas associações “permitem-nos projetar o número de casos futuros de Zika em regiões que ainda não foram atacadas pela epidemia”.

Nuno Faria destaca a “colaboração entre os três grupos de pesquisa internacionais, que partilharam protocolos e dados”. Essa colaboração “permitiu aumentar muito o nosso conhecimento sobre a genómica e evolução do virus Zika”.

Há um ano, explica o cientista, “havia cerca de 20 genomas do vírus Zika disponíveis do Brasil”, atualmente “existem mais de 300” e cerca de 200 destes genomas “foram sequenciados por estes três estudos”. Os estudos a que se refere o cientista são publicados na Nature, um deles tendo Nuno Faria como primeiro subscritor.

Em nota de imprensa, a Universidade de Oxford adianta que este trabalho permitiu perceber que o Zika chegou ao Brasil e espalhou-se silenciosamente por outras regiões. “Antes de 2007, apenas 14 casos de infeção por Zika tinham sido encontrados em humanos. Nas Américas, os primeiros casos confirmados de Zika são de maio de 2015.

Contudo, de acordo com as nossas análises genéticas, estimamos que o vírus foi introduzido no nordeste do Brasil aproximadamente em fevereiro de 2014”, adianta. Ou seja, depois de cerca de um ano “a circular silenciosamente no nordeste do Brasil, o vírus disseminou-se rapidamente pelo sudeste do país”. Depois foi introduzido noutros países da América Central, do Sul e Caraíbas.

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