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Sociedade

Já fabricou lustres de estilo austríaco mas agora arrisca cair

A situação das instalações da antiga unidade fabril preocupa os responsáveis municipais que foram confrontados com as queixas sobre a degradação do espaço.

Em tempos, produziu cristalaria, nomeadamente chaminés para candeeiros a petróleo, tendo-se notabilizado pelo fabrico de lustres de estilo austríaco. Muitas décadas mais tarde, restam as memórias desses tempos e as instalações degradadas. O telhado em situação periclitante e o muro que ameaça ruir. Estes são alguns dos sinais visíveis da degradação das instalações da Fábrica Lusitana de Vidros Angolana, na cidade da Marinha Grande.

A situação das instalações da antiga unidade fabril preocupa os responsáveis municipais que na reunião do executivo de dia 13 foram confrontados com as queixas sobre a degradação do espaço. O munícipe Ernesto Silva chamou a atenção para a degradação do espaço, com destaque para o “telhado que está a cair”.

O telhado em situação periclitante e o muro que ameaça ruir. Estes são alguns dos sinais visíveis da degradação das instalações da Fábrica Lusitana de Vidros  Angolana

Em resposta, Paulo Vicente, presidente da Câmara da Marinha Grande, garantiu que iria voltar a insistir junto do Ministério da Cultura para que a situação seja acautelada. Lembrou que, anteriormente, o município já fez chegar, por escrito, ao titular da pasta da Cultura, o alerta para situação da fábrica, adiantando que, em consequência, o muro foi reabilitado nas traseiras daquela unidade.

Atualmente, a Fábrica Lusitana de Vidros Angolana, conhecida como “Angolana”, está classificada como Monumento de Interesse Público, resultado de uma portaria publicada em maio de 2014 e é propriedade do grupo Visabeira. “A instalação da Fábrica Lusitana de Vidros, mais tarde denominada Angolana, insere -se já no segundo período do seu desenvolvimento, limitado entre 1889 e 1930, fase caracterizada pela instalação e modernização de muitas unidades fabris, e pela utilização da eletricidade”, refere a portaria assinada pelo então secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier.

Os alertas foram corroborados por diversos elementos da vereação que enfatizaram a necessidade de acautelar a crescente degradação do imóvel. “A fábrica está degradada”, lembrou Alexandra Dengucho, vereadora da CDU, defendendo que a situação “deve ser olhada com outro olhar”, apontando para a necessidade de “preservar o que deve ser preservado”. “É fundamental que se tenha cuidado, o muro pode cair”, alertou por sua vez Aurélio Ferreira, vereador do MpM. Afinal, argumenta, há poucos meses o ministro da Cultura esteve na Marinha Grande e deveria ter sido conduzido ao local para verificar a situação do imóvel, defendeu o vereador. Já Carlos Logrado, vereador do +Concelho, argumentou que o agravamento do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) no casos de imóveis degradados, pode ajudar a pressionar no sentido da resolução deste tipo de situações.

Fundada em 1920 pela Sociedade Vidreira Lusitana, a fábrica encerrou definitivamente nos anos cinquenta do século passado, tendo depois funcionado como armazém e como oficina de restauro de objetos destinados ao Museu do Vidro. No relatório e contas de 2016 do grupo Visabeira, ao imóvel é atribuído um valor de 485 mil euros.

O REGIÃO DE LEIRIA questionou o grupo Visabeira sobre esta matéria não tendo recebido qualquer resposta até ao momento.

Artigo publicado na edição de 20 de julho de 2017.

carlos.s.almeida@regiaodeleiria.pt

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