Assinar
Saúde

“Cirurgia plástica é uma das mais profundas, porque mexe na alma das pessoas”

Christopher Johnsson é um dos cirurgiões plásticos mais conhecidos do país. Natural do Brasil, e discípulo de Ivo Pintanguy, está a trabalhar em Portugal há 10 anos. A partir de abril, estará também a dar consultas em Leiria.

Veio a Leiria dar uma conferência sobre cirurgia plástica e vai começar também a dar consultas. Porquê Leiria?
Comecei a ter clientes aqui de Leiria. Vindo cá pelo menos uma vez por mês, é mais confortável para as pacientes.

Aqui, o que será possível fazer?
Aqui na Clínica Lisderma, vai ser possível fazer consultas, tratamentos estéticos não cirúrgicos, como preenchimento dos lábios, botox, peelings, um tratamento que envolve o plasma, esse tipo de pequenas intervenções.

E para intervenções maiores?
Têm que ir ter comigo à Clínica da Beloura.

Procuram-no mais para que fim?
Para diversas coisas. Desses tratamentos não cirúrgicos são o botox, o preenchimento com ácido hialurónico, uma substância natural para devolver volume. O tratamento com plasma também tem tido muita procura. Em termos de cirurgias, procuram-me para cirurgias mamárias, tanto aumento como redução ou para levantar a mama, as abdominoplastias, lipoaspirações e as cirurgias do rosto.

Qual das cirurgias tem maior procura?
Está bastante equilibrado, mas estatisticamente a maior procura é em termos de mamas de aumento e lipoaspirações.

No caso da lipoaspiração, é já num estado avançado de obesidade que as pessoas o procuram?
Não é o ideal e não é o que eu indico. É importante que a pessoa esteja já a fazer alguma atividade física, ter uma dieta balanceada, senão não adianta. É para aquelas gorduras mais resistentes, localizadas em diversas áreas do corpo, mas não é para emagrecer.

A lipoaspiração não resolve todas as questões relacionadas com a obesidade?
Tenho de esclarecer mesmo na primeira consulta, porque se a pessoa não estiver com a cabeça para mudar, não vale a pena. Vai voltar a fazer cirurgia daqui a um ano porque está tudo igual.

Quem pode fazer lipoaspiração?
Teoricamente, todos podem fazer desde que estejam saudáveis. Por isso não há limite de idade. Uma senhora de 80 anos pode fazer, estando saudável. Pedimos exames preparatórios, de sangue, eletrocardiograma, dependendo do caso também Raio X. Uma pessoa de 35 anos que fuma, está com tensão alta, não se medica bem, não pode ser operada.

A lipoaspiração pode ser feita em qualquer altura do ano?
Poder pode, mas enquanto tiver nódoa negra no corpo não é permitido ir ao sol porque senão vai manchar naquela zona. Por esse motivo, a época em que mais me procuram é antes do verão.

Quais são as consequências? Há cicatrizes e nódoas negras?
As cicatrizes são mínimas porque as cânulas da lipoaspiração têm uma espessura muito fina. É um fator muito pessoal. Há pessoas que ficam bastante negras e outras quase não ficam. É superimportante, depois, a drenagem linfática e esse é o apoio aqui da Clínica Lisderma, que faz a drenagem linfática manual. Essa parceria é muito importante. Tem de ser uma parceria entre o cirurgião, a profissional que faz o pós-operatório e a paciente, que também tem a sua percentagem para que o procedimento seja um sucesso.

Em termos de valores, estamos a falar de preços muito variáveis?
Depende das áreas a serem lipoaspiradas. O valor vai depender de quanto tempo vai demorar a cirurgia. Há lipoaspirações mais pequenas, de poucas áreas, que demoram uma hora e estamos a falar de 4 mil euros. É mais pelo tempo do que pelas zonas.

Em relação à cirurgia mamária, os valores são idênticos?
Nem por isso. Colocar implantes mamários nas pessoas que têm mamas muito pequenas, não têm flacidez, a mama não está descaída, simplesmente falta volume, nesse caso, mais uma vez, é uma cirurgia que leva uma hora. É diferente de cirurgias em que a pessoa, depois de ter tido filhos, ficou com flacidez, falta volume, mas a pele também está descaída. Para não colocar só o implante e causar uma maior queda da mama, é preciso levantar o tecido, tirar um pouquinho de pele. Isso leva o dobro do tempo e não vai ter o mesmo valor.

Qual foi o trabalho mais desafiante que fez até hoje?
Todas as cirurgias são desafios. Tentamos perceber o que é que aquele procedimento vai significar para aquela pessoa especificamente. Pode ser uma coisa corriqueira, nada de mais para mim, mas aquela pessoa está há cinco anos a preparar-se para aquilo psicologicamente, afetou-a durante a adolescência, as outras pessoas faziam chacota, então a cirurgia plástica também tem isso, lida muito com a parte emocional e com a autoestima.

Esses casos para si são os mais desafiantes?
Sim, é um grande desafio e, por outro lado, também é uma grande recompensa ver o resultado.

Apesar de chamar cirurgia estética, nunca é só estética?
Exatamente. O professor Pitanguy, que foi meu mestre, sempre falava que a cirurgia plástica não é uma cirurgia superficial. Na verdade, é uma das mais profundas, porque mexe na alma das pessoas. Com um bisturi, colocando ou tirando alguma coisa, você muda realmente a vida das pessoas psicologicamente.

Entrevista publicada na edição de 29 de março de 2018 do REGIÃO DE LEIRIA

Patrícia Duarte
Jornalista
patricia.duarte@regiaodeleiria.pt

Christopher Johnsson

Deixar um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Artigos relacionados

Subscreva!

Newsletters RL

Saber mais

Ao subscrever está a indicar que leu e compreendeu a nossa Política de Privacidade e Termos de uso.

Artigos de opinião relacionados