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Cultura

“Poesia é liberdade” inspira regresso do Ronda Leiria Poetry Festival às ruas

A festa da poesia de Leiria está de volta com quase uma centena de atividades inspiradas na poesia, novamente em regime presencial, entre 22 e 25 de abril.

O fundador e organizador do Ronda, Paulo José Costa, e curador do festival, Luís Filipe Castro Mendes CML

A poesia está de volta às ruas, aos espaços culturais e a locais inesperados de Leiria a partir de 22 de abril na quarta edição de Ronda Leiria Poetry Festival, que volta a uma matriz presencial para espalhar a mensagem de que “Poesia é Liberdade”.

Durante quatro dias, o festival propõe quase uma centena de atividades, com programação que cruza a poesia com a música, a dança e o teatro, num exercício de exaltação da liberdade através de sessões de declamação, conversas, mesas-redondas, concertos, apresentações de livros ou iniciativas comunitárias por ocasião da celebração dos 48 anos do 25 de Abril.

“‘Poesia é liberdade’ pretende passar uma mensagem muito importante de esperança, de alento aos mais vulneráveis”, disse hoje, na apresentação do festival, a vereadora da Educação e Cultura, Anabela Graça. “A poesia é transformadora e isso vai com certeza tocar-nos durante estes dias. Vai ajudar-nos a repensar o tempo de liberdade que tivemos e o tempo que estamos a viver hoje”, sublinhou a vereadora, entusiasmada como “envolvimento da comunidade” e o alargamento da geografia do festival, que junta “à cidade as freguesias do nosso concelho”.

Depois de ter envolvido mais de 200 convidados de 40 países numa edição integralmente ‘online’ em 2021, a organização de Ronda Leiria Poetry recupera o espírito original do evento: fazer rondar poesia a pelas ruas da cidade e pelas salas de espetáculo, pelo mercado municipal, pelo castelo, pela Arquivo, Museu ou cafés, em atividades que desenvolvidas em colaboração com múltiplos parceiros culturais do concelho.

“A lógica de que a poesia é de todos e para todos é essencial. Temos um ADN que fazemos questão de garantir”, afirmou hoje o fundador e organizador do Ronda, Paulo José Costa. Na apresentação, o também poeta lembrou que o festival “não é ‘contrafação’ cultural” pela genuinidade que apresenta. É que, além do programa formal e social, chega também “a todos os outros locais onde a poesia pode estar ao alcance de todos, seja de uma forma programada mas também inesperada”.

Manuel Alegre, Nuno Júdice, Maria do Rosário Pedreira, Aldina Duarte, Tozé Brito, Fernando Pinto do Amaral, Rita Taborda Duarte, António Carlos Cortez, Rosa Oliveira, João Paulo Esteves da Silva, Vitorino, UHF, Manuel João Vieira, Poetry Ensemble ou Iman Kandoussi são alguns dos participantes neste Ronda Leiria Poetry Festival, iniciativa da Câmara de Leiria, da Leiria Cidade Criativa da Música e livraria Arquivo coordenada pelo poeta e ex-ministro da Cultura Luís Filipe Castro Mendes.

Em Leiria, estarão ainda os poetas brasileiros Gabriela do Amaral e Ozias Filho, o angolano João Melo, a colombiana Lauren Mendinueta e o peruano-espanhol Alfredo Pérez Alencart.

“Temos uma iniciativa que é única no país. Para além de um festival de poesia, de um encontro de poetas, das mesas, dos diálogos, do Júdice e Manuel Alegre e de outros nomes, conseguimos reunir um conjunto de poetas muito interessante, muito valioso e tudo isto se complementa com a música”, frisou hoje o curador do festival.

Castro Mendes realça a dimensão social do Ronda, que leva “às comunidades, às escolas, prisões, aos hospitais, junto dos mais jovens e mais vulneráveis um sinal de solidariedade e de esperança”. Inspirada pelo verso de Miguel Torga “Que nem a terra nem o céu te domem”, a programação contempla propostas paralelas transversais aos vários níveis de ensino nas escolas, restaurantes, Instituições Particulares de Solidariedade Social, ao hospital de Leiria e até ao Estabelecimento Prisional de Leiria, onde decorrerá uma maratona de poesia com reclusos, guardas e técnicos.

A música é também aposta forte, com os concertos de Vitorino, que estreia uma canção assinada por um poeta contemporâneo, e para o tributo a Zeca Afonso pelos UHF. Haverá ainda um recital de Nuno Vieira de Almeida dedicado a Fernando Lopes-Graça e a participação de Manuel João Vieira em modo “caixinha de surpresas musical”.

A marroquina Iman Kandoussi mostra em Leiria música árabe-andalusí e em palco soma-se à poética bossa nova do Quarteto do Rio a orquestração da Filarmonia das Beiras.

No campo da reflexão haverá quatro mesas-redondas e conversas com Nuno Júdice e Manuel Alegre. Será ainda lançado o n.º 5 da revista de poesia “Acanto”.

Lembrando a “liberdade livre” proclamada por Rimbaud, Luís Filipe Castro Mendes releva o papel do Ronda na promoção da poesia enquanto veículo de defesa da liberdade “de todas as ameaças que sobre ela pairam”, através da “recusa de quaisquer discriminações por razões étnicas, religiosas ou de nacionalidade, da afirmação da plena igualdade entre homens e mulheres e do respeito pelas diferentes orientações sexuais. A palavra da poesia é a palavra da liberdade”, concluiu.

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