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Saúde

Bullying: como detetar vítimas e agressores

Bullying é o tema de mais um episódio do podcast “Mentes Inquietas”.

É a agressão repetida e com intenção de provocar dano ao outro que caracteriza o bullying e o separa de desentendimentos ou zangas entre crianças. Mais frequente em ambiente escolar, pode ser identificado quando surge alterações de comportamento que a pedopsiquiatra Graça Milheiro enumera: “uma criança que, de repente, se recusa ou que deixa de ter prazer em ir à escola ou até vai, mas acorda sempre de manhã com dores de barriga, com dores de cabeça ou que a mãe nota que anda mais triste, mais isolada”.

Para a médica, é fundamental que os pais conheçam esta realidade e estejam atentos a sinais de alerta. Têm igualmente de ter sensibilidade para “poderem proporcionar um espaço à criança em que ela esteja confortável e possa falar abertamente”.

Confrontadas com uma situação de bullying, a pedopsiquiatra reconhece que as crianças e os jovens, hoje, já verbalizam. No passado eram dominados pelo medo de represálias e pela convicção de que os pais não iriam compreender e iriam dizer “desenrasca-te, não ligues”. “Isso acontecia muitas vezes, daí eles sentirem que tinham de resolver aquilo sozinhos”, refere.

Do bullying para o mobbing

Na idade adulta, o bullying dá lugar ao mobbing que se verifica sobretudo no local de trabalho. Daniel Machado, médico interno de psiquiatria, esclarece que as agressões transpostas para a vida adulta são sobretudo psicológicas. Explica que as pessoas que sofrem mobbing, por norma, “já são vulneráveis, pouco assertivas e têm um certo estigma em relação a elas próprias, de que são incapazes, que não se conseguem fazer valer e ficam numa posição subalterna”.

Um dos exemplos de mobbing apontados por Daniel Machado é a colocação da vítima a executar tarefas inúteis ou extremamente entediantes. Ao consultório têm chegado cada vez mais casos de ciberbullying, referem os médicos. “É uma arena nova, mas as consequências são as mesmas”, refere Daniel Machado. O especialista salienta que há quem consiga agredir mesmo sem fazer comentários públicos. “Se a vítima for alguém fragilizado ou com autoestima muito baixa, não é preciso muito para se sentir ainda pior”.

No caso das crianças, quando a situação de bullying é detetada, o psiquiatra pode entrar em contacto com a escola – como Graça Milheiro tantas vezes assume fazer – e pedir uma intervenção. Já no caso dos adultos, a abordagem tem de se focar na vítima, no sentido de a tornar resistente à agressão, esclarece Daniel Machado.

Se não forem detetadas e travadas a tempo, as situações de bullying e mobbing podem ter consequências graves. Dependendo do grau de vulnerabilidade da vítima, os sintomas ansiosos e depressivos são os mais comuns, mas o suicídio não é um cenário a descartar.

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